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O DONO DA FESTA

NA ABERTURA DA TURNÊ ‘GOT BACK’ NO BRASIL, PAUL MCCARTNEY FALOU PORTUGUÊS, FEZ A SAUDAÇÃO ‘BOA NOITE, VÉI’ VIRAR MEME E ENCANTOU, ALÉM DA WEB, O PÚBLICO EM BRASÍLIA ENFILEIRANDO SUCESSOS

KAROLINI BANDEIRA karolini.magalhaes@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA

Paul McCartney iniciou a temporada brasileira da turnê “Got back” às 20h48 de quinta-feira, com 18 minutos de atraso, e atacou logo de “Can’t buy me love”, hit dos Beatles, para o delírio das quase 55 mil pessoas presentes na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília. Com seu tradicional bom humor, o astro britânico mandou também um “Boa noite, véi” para o público e emendou sucesso atrás de sucesso: “Junior’s farm” e “Letting go”, ambas da época do Wings; “She’s a woman” e “Got to get you into my life”, dos Beatles; “Come on to me”, de 2018, e “Let me roll it”, mais uma do Wings, vieram em seguida. — Esta noite, vou tentar falar um pouco de português, pouquinho, all right? —arriscou o artista, que trocou o baixo pela guitarra para cantar “Getting better”, mais um clássico dos Beatles, desta vez do álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Seria a canção (que diz que tudo está melhorando o tempo todo) um prenúncio do que viria?

DEPP E NATALIE PORTMAN

De terno preto e camisa branca desabotoada, Paul, 81 anos, foi ao piano para tocar “Let ‘em in” e “My valentine”, dedicada à mulher, Nancy Shevell.

O momento romântico fez os casais dançarem agarradinhos, enquanto os telões na arena exibiam um clipe com os atores Johnny Depp e Natalie Portman. Mas esse clima “grudadinho” durou pouco. Paul partiu para “Maybe I’m amazed” e “I’ve just seen a face”, quando pegou o violão e perguntou se o público estava se divertindo. Diante da resposta empolgada, ele concordou: “Eu também”. — Agora é hora de voltar no tempo. Essa canção é a primeira que os Beatles gravaram —disse Paul, antes de começar “Love me do”, com todo todo o público do estádio dançando e cantando com as lanternas de seus celulares acesas.

Paul então trocou o violão pelo banjo para “Dance tonight”, com direito ao baterista Abe Laboriel Jr. fazendo passinhos de TikTok. Laboriel já tinha encantado o público brasileiro com suas coreografias em 2019, nos shows da turnê Freshen Up. De volta ao violão, Paul fez todo mundo cantar com “Blackbird”, uma das mais belas canções do disco “The Beatles” (1968), o popular “Álbum branco”. Quando ele homenageou George Harrison (morto em 2001), cantando “Something”, de“Abbey Road”, o público mais uma vez cantou junto, em peso, enquanto o rosto de Harrison era projetado no telão. — George vive em nossos corações —disse o dono da festa, antes de agradecer ao amigo por “escrever essa música linda”.

As canções dos Beatles, como era esperado, foram as que mais empolgaram o público. Ao som de “Ob-la-di, Ob-la-da” via-se as pessoas aos pulos na pista. Já “Let it be”, mais uma vez com lanternas acesas, foi um dos momentos mais emocionantes da noite.

Com “Live and let die”, tema do filme “007 — Viva e deixe morrer”, o público foi ao delírio, enquanto um show pirotécnico deixava o palco vermelho. Depois de “Hey, Jude”, Paul ensaiou uma despedida, mas voltou em seguida com bandeiras do Brasil e do Reino Unido. Foi a vez de cantar “I’ve got a feeling” e homenagear o parceiro John Lennon (morto em 1980). O telão mostrava John cantando e sua voz se misturou à de Paul.

— É muito especial para mim, eu e John cantando juntos — disse Paul, que se despediu, após 2h50 de show, com mais uma dos Beatles, “Golden slumbers”. Em seguida, despediu-se em bom português: —Até a próxima!

PAULMANÍACOS

A estreia na Arena Mané Garrincha mostrou a vibração de Paul —para a felicidade de tantos beatlemaníacos e paulmaníacos, como a paulista Rina Ricci, de 62 anos, que comprou ingressos para todos os oito shows que o eterno Beatle fará no país até 16 de dezembro.

Ricci já foi a 20 shows de McCartney, quase todas as apresentações do ídolo no Brasil, à exceção da primeira, em 1990, no Maracanã. —Não sabia que teria. Naquela época não tinha rede social, e fiquei inconformada, passei três anos chorando. Em 1993, ele foi para São Paulo e prometi para mim mesma que a partir daquele dia eu nunca mais perderia nenhum show dele no país —lembrou Rina Ricci. Na plateia, diferentes gerações se misturavam ansiosas pela chegada do eterno Beatle. O médico carioca Gustavo Almeida, de 51 anos, e o filho Bruno, de 16, foram vestidos a caráter para o show, com o figurino do Fab Four em “Sgt. Pepper’s”. Era a primeira vez do adolescente em um show de McCartney, que também estará com o pai no show de encerramento da turnê no Maracanã, no dia 16. Enquanto o Beatle empolgava milhares de fãs em Brasília, na rede social X, os internautas se empolgaram com a primeira frase de Paul aos brasileiros, “Boa noite, véi”, e começaram a espalhar memes. Houve até quem sugerisse que a saudação seja adaptada para os próximos shows no Brasil. “Em Belo Horizonte, o Macca tem que dizer ‘Boa noite, uai!’”, sugeriu um usuário mineiro.

Segundo Caderno

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2023-12-02T08:00:00.0000000Z

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