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Governo negocia bloqueio imediato de redes sociais

Objetivo é vetar acesso de criminosos a WhatsApp, Facebook e Instagram. Ministério da Justiça lançou ontem ferramenta para impedir que ladrões consigam entrar em aplicativos, principalmente de bancos

RENAN MONTEIRO E LETYCIA CARDOSO economia@oglobo.com.br BRASÍLIA E RIO

Saiba como funciona a ferramenta Celular Seguro, que promete agilizar bloqueio de apps e da linha em caso de roubo.

Ogoverno lançou ontem a ferramenta Celular Seguro, que promete barrar de forma rápida o acesso de criminosos ao conteúdo de aparelhos roubados. Enquanto o acordo com bancos e operadoras de telefonia já foi firmado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também negocia o bloqueio dos aplicativos das redes sociais, como Facebook e Instagram, no aparelho.

Segundo o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, a discussão com a Meta (controladora de Facebook, Instagram e WhatsApp) segue avançando:

—É uma conversa inicial, ainda, essa questão de bloquear redes sociais, mas acreditamos que é muito importante. Temos confiança de que eles vão se sensibilizar, porque é uma proteção ao cidadão, e não há motivo para se negar — disse Cappelli, ao lançar o serviço.

Atualmente, há o risco de os criminosos conseguirem dados das vítimas por meio das redes sociais conectadas ao aparelho ou usarem ilegalmente o perfil das pessoas. Eles conseguem até acessar o e-mail de quem deixa o aplicativo bloqueado. Essa é a vantagem do Celular Seguro, segundo o governo: impedir o acesso de criminosos de forma rápida, em um único botão.

PLATAFORMAS DE ENTREGA

Outra frente de discussão é com as plataformas de transporte e entrega, como Uber, iFood e 99. A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), representante do setor, manifestou apoio à iniciativa do governo, mas não deu previsão de também bloquear os perfis dos usuários nessas plataformas.

“As associadas 99, iFood e Uber assinaram carta de intenção com o Ministério da

Justiça e Segurança Pública (MJSP) com o objetivo de se integrarem ao sistema e contribuírem para ampliar a segurança de motoristas, entregadores e usuários em todo o Brasil”, diz a entidade em nota.

Com a iniciativa, as vítimas de furto e roubo poderão bloquear o aparelho e os aplicativos em poucos cliques. Não há limite para o cadastro de números no serviço, mas eles precisam estar vinculados ao CPF da pessoa para que o bloqueio seja efetivado.

Ontem mesmo já era possível acessar o site do Celular Seguro. O aplicativo, por sua vez, pode ser baixado a partir de hoje nos sistemas Android e iOS. O registro do usuário será feito com a mesma conta usada no Gov.br. Cada pessoa cadastrada no Celular Seguro poderá indicar outras, de sua confiança, que farão o bloqueio do aparelho caso o titular tenha o celular roubado, furtado ou extraviado e não possa acionar a ferramenta — o que pode ser feito no Gov.br, usando um computador. O cadastro de “pessoas de confiança” é opcional. Elas não terão acesso aos dados do celular: só poderão comunicar o crime no site ou app Celular Seguro.

Após o registro de perda, roubo ou extravio do celular, bancos e instituições financeiras que aderiram ao projeto farão o bloqueio das contas. O procedimento e o tempo de bloqueio de cada empresa estarão disponíveis nos termos de uso do site e do aplicativo. O bloqueio dos aparelhos seguirá a mesma regra. Em fevereiro, as empresas de telefonia também passarão a efetuar o corte das linhas. A iniciativa, porém, não substitui o registro do boletim de ocorrência.

A Febraban, que reúne a maior parte do setor bancário, é parceira do governo federal no projeto, assim como a Zetta, associação que representa empresas de serviços financeiros digitais, como Nubank, Mercado Pago e iFood. A adesão das associadas, porém, não é automática: cada uma deve confirmar seu interesse.

O Nubank confirmou que vai aderir à iniciativa, tendo formalizado a intenção via Zetta. O Mercado Livre e o Mercado Pago também confirmam que irão aderir. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) informou que vai avaliar.

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