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HITS, HISTÓRIAS E NOSTALGIA

Com vídeos e canções que marcaram época, ‘80: a década do vale tudo’ faz uma viagem no tempo em Copacabana

LUCAS MATHIAS lucas.mathias@oglobo.com.br

Em janeiro de 1980, Frank Sinatra vinha ao Brasil pela primeira vez e lotava o Maracanã em show para 175 mil pessoas, pouco antes da visita do Papa João Paulo II ao país. No ano seguinte, morria a lenda do reggae Bob Marley, o Flamengo era campeão mundial e o casamento entre o príncipe Charles e a princesa Diana botou o mundo em frente à TV. Tudo isso é rememorado nos primeiros minutos de “80: a década do vale tudo”, que estreia amanhã no Teatro Claro, em Copacabana, com a cantora Sandra de Sá à frente do elenco e a ambição de ser não apenas uma coleção nostálgica de hits dos anos 1980, mas um documentário musical.

O espetáculo dá sequência a um formato já lançado pelo diretor Frederico Reder e pelo dramaturgo Marcos Nauer: foram eles os responsáveis pelos musicais “60! Década de arromba”, com a cantora Wanderléa, em 2016, e “70? Década do divino maravilhoso”, com Baby do Brasil e Frenéticas, em 2019.

COLAGEM DE SUCESSOS

Desta vez, um elenco de 30 pessoas — entre músicos, bailarinos e atores que usam mais de 600 figurinos e 120 perucas — faz uma retrospectiva da década, em ordem cronológica, com pouquíssimo texto e uma avalanche de informações: desenhos animados, filmes, programas de TV, notícias marcantes e, especialmente, músicas (ao todo, são mais de 150 trechos de canções, muitas vezes combinadas em medleys). Ano a ano, de 1980 a

1989, as faixas mais ouvidas de cada período são combinadas com vídeos e fotos, exibidos em dois telões, e com números interpretados pelos atores, que cantam e dançam ao vivo por duas horas e 40 minutos.

— Às vezes, a projeção traz a informação da morte de alguém, um áudio ou então um show, um desenho. Pode ser só um cenário que antecede a cena, mas também há aquelas inserções que têm uma responsabilidade documental e que te situam em um momento específico da história —conta Nauer, responsável pelo roteiro.

Na playlist, estão desde canções de Rita Lee, Tim Maia, Gal Costa e Cazuza a nomes internacionais como Michael Jackson, Queen, Pink Floyd e Madonna. Sandra de Sá —que estreia em um espetáculo teatral aos 67 anos —brilha ao cantar sucessos como “Enredo do meu samba” e “Whisky a go go”, se arrisca em música da Xuxa, canta o hino do Flamengo e, claro, hits próprios, como “Joga fora (no lixo)”. Um dos pontos altos é quando reproduz um show de 1989 com Cazuza, que era seu amigo.

—É o momento mais difícil pra mim… No ensaio, não consegui cantar. Tem horas que esqueço tudo, letra, quando está chegando perto. Não consigo. Mas está sendo muito gostoso. Pra mim, então, que vivi, e vivi muito… Sou sobrevivente dos anos 80. É uma catarse estar aqui vivendo e vendo, cada música é uma imagem que vem, uma lembrança. Saio do palco tremendo —diz a artista.

DAS DIRETAS AO WALKMAN

Nos telões, o doc musical costura conteúdos de diferentes categorias: a invenção do saque “jornada das estrelas” no vôlei, a mobilização pelas Diretas Já, a inflação galopante, o primeiro Rock in Rio, a Constituição de 1988, o roubo da Taça Jules Rimet. Na tecnologia, há referências às TVs de tubo, aos primeiros computadores caseiros e ao então revolucionário Walkman. Das telinhas, há cenas de palhaço Bozo, Chacrinha e Xuxa, assim como os

Flintstones, Balão Mágico e Ursinhos Carinhosos.

O diretor Reder destaca o potencial documental do trabalho que, de acordo com ele, fica mais desafiador a cada edição.

— Quanto mais próxima é a década, mais difícil. A memória dos anos 1980 ainda está muito fresca, as coisas não podem ficar tão distantes. É um espetáculo longo porque estou falando de dez anos, e não posso passar dez anos em uma hora, cometer alguns equívocos. Nem todo mundo que marcou época está presente, mas o máximo que conseguimos colocar de moda, música e imagens, está aqui — afirma, acrescentando, claro, que a década de 1990 também está nos planos.

Onde: Teatro Claro Rio. Shopping Cidade Copacabana. Rua Siqueira Campos 143, 2º piso. Quando: Sex, às 20h30. Sáb, às 17h e às 21h. Dom, às 16h e às 20h. Seg, às 17h30. Até 16 de julho. Quanto: R$ 100 (balcão II), R$ 140 (balcão I), R$ 200 (frisas e camarote) e R$ 250 (plateia).

Classificação: 12 anos.

Teatro

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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