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ARTE E TRANSGRESSÃO

DANIEL SCHENKER

Aarte como expressão de protesto, de revolta contra o sistema desigual e opressor. É o que fazem os jovens pichadores que, destemidamente, escalam prédios e estampam uma identidade visual. Conforme mostrado em “Urubus”, filme de Claudio Borrelli que tem Fernando Meirelles como produtor executivo, essa tomada de posição culminou na invasão à “Bienal do Vazio”, em 2008. Um ato transgressor, que foi reprimido na ocasião, mas acabou rendendo convites internacionais. Não perdeu, em todo caso, seu potencial de polêmica e incômodo. Borrelli aborda a questão da arte não restrita aos espaços institucionalizados e às delimitações conceituais previamente determinadas. Não chega, porém, a aprofundar essa discussão. A prioridade dos autores do roteiro algo disperso (assinado pelo diretor em parceria com Mercedes Gameiro, Djan Ivson e Vera Egito) é revelar o cotidiano dos pichadores —com destaque para a liderança exercida por Trinchas (Gustavo Garcez) —numa São Paulo dividida entre a periferia, onde eles moram, e regiões mais abastadas. Mas as constantes rivalidades expostas ao longo da projeção não acontecem entre ricos e pobres, e sim entre pichadores e policiais, entre grupos opostos e entre integrantes de uma mesma realidade socioeconômica que eventualmente burlam regras num território marcado por brutais acertos de contas. A autenticidade desse panorama é alcançada por meio do entrosamento entre atores amadores e profissionais (preparação de elenco de Fátima Toledo).

Cinema

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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