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MP de Goiás ainda investiga manipulação de 14 partidas

Aliciamento de atletas por máfia das apostas já foi comprovado em 21 jogos

RAFAEL SOARES rafael.soares@oglobo.com.br

OMinistério Público de Goiás (MP-GO) já tem provas do aliciamento de jogadores em 21 partidas entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano. Dezessete desses jogos foram citados nas duas denúncias já remetidas à Justiça nas operações Penalidade Máxima 1 e 2. A cooptação dos atletas nos outros quatro confrontos foi confirmada nos depoimentos prestados, nas últimas semanas, por Bryan García (que teve o contrato rescindido pelo Athletico), Diego Porfírio (exCoritiba, hoje no Guarani) e Nino Paraíba (ex-AméricaMG) aos promotores. Os jogadores admitiram que receberam dinheiro da máfia das apostas, fecharam acordo com a Promotoria e serão testemunhas nos processos.

O número de partidas com provas de manipulação pode aumentar na fase atual das investigações: outros 14 jogos —11 deles da Série A do Brasileirão do ano passado —estão na mira do MPGO. Menções a essas partidas foram encontradas em conversas extraídas de celulares de apostadores. No entanto, para confirmar se houve ou não oferecimento de dinheiro aos atletas, os promotores estão ouvindo os envolvidos e analisando o conteúdo de mais aparelhos cuja quebra de sigilo foi determinada pela Justiça goiana.

Os jogos foram contabilizados no mapeamento do escândalo das apostas feito pelo GLOBO a partir da análise das 2.686 páginas da investigação do MP-GO.

Doze dos jogos em que a investigação já comprovou o aliciamento de atletas são da Série A do Brasileirão 2022, cinco são da Série B e outros quatro são de campeonatos estaduais deste ano (Gauchão e Paulistão). A infração mais frequente acordada nesses jogos foi o recebimento de cartões amarelos: essa combinação foi detectada em 11 partidas.

Em outras sete partidas, o acordo envolveu o cometimento de pênaltis.

Entre os jogos ainda sob investigação, há uma partida da Série A em que há indícios de que um cartão vermelho foi acordado. No confronto entre Fluminense e Goiás, Dadá Belmonte foi expulso aos seis minutos do segundo tempo após uma entrada em Ganso. O cartão abriu caminho para a vitória tricolor: três gols foram marcados pelo Flu em seguida. Numa mensagem obtida pelo MP-GO, um dos apostadores afirma que o cartão foi fruto de um acerto com os apostadores.

Há outro jogo com suspeitas de manipulação em que o acordo teve influência no resultado: Goiás x Goiânia, pelo Campeonato Goiano. Um diálogo obtido pelo MP-GO revela que Bruno Lopez, acusado de ser o chefe da quadrilha de apostadores, pagou pelo menos R$ 20 mil ao também jogador Denner Barbosa para que o Goiânia terminasse o primeiro tempo perdendo. O placar parcial da partida foi 2 a 0 —e o jogo terminou da mesma forma.

Hoje, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva julga oito jogadores envolvidos no esquema de manipulação. Eles podem ser suspensos por 720 dias ou até mesmo banidos do futebol.

Esportes

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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