Infoglobo

Apesar de corte a distribuidoras, gás está mais caro em 9 estados

Queda foi em parte neutralizada por alteração na cobrança do ICMS

ANA FLÁVIA PILAR ana.costa@oglobo.com.br

Mesmo com a diminuição de 21,4% no preço do gás de cozinha (GLP) anunciada pela Petrobras em 16 de maio, o produto está mais caro ao consumidor em nove estados. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostra que o corte no valor para as distribuidoras foi em parte neutralizado pela nova alíquota do ICMS, que passou a ser fixa desde 1º de maio, deixando de ser um percentual. Desde então, é cobrado R$ 1,2571 de imposto por quilo. A partir de hoje, o mesmo formato de cobrança valerá para a gasolina.

Segundo a ANP, Mato Grosso do Sul registrou a maior alta no preço do gás, de 18,57%, em relação à última semana de abril. Em seguida, aparecem Rondônia (6,90%) e Sergipe (4,64%).

De acordo com o Sindigás, que reúne as distribuidoras do setor, a mudança na tributação elevou o valor médio do ICMS cobrado sobre o gás de botijão de 13kg para R$ 16,34, ante R$ 14,60 da média anterior.

Com a queda no valor do GLP às distribuidoras, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, esperava compensar a alta do imposto. Chegou a dizer que a expectativa era que o botijão de 13kg caísse a menos de R$ 100 pela primeira vez desde outubro de 2021.

No entanto, só os consumidores de quatro estados e do Distrito Federal encontraram preços abaixo desse patamar, considerando o preço médio na semana de 21 a 27 de maio: Alagoas, Brasília, Espírito Santo, Pernambuco e Rio de Janeiro.

André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), diz que a alta do gás de cozinha pode também estar atrelada ao crescimento na demanda:

— Talvez as pessoas tenham buscado mais o produto, o que não estimulou o mercado a reduzir preços. Com os preços mais baixos anunciados na metade de maio, a ANP já deveria ter registrado alguma queda — afirmou Braz.

DEVE OCORRER COM GASOLINA

Há quem discorde dessa avaliação. Segundo o economista Gilberto Braga, as distribuidoras não repassaram a redução ao consumidor, aumentando suas margens de lucro:

— As contas mostram que a cadeia se apropriou de um pedaço da redução. O preço baixou em alguns estados, mas não em seu potencial máximo.

Essa análise é corroborada pelo professor da FIA Business School Cláudio Felisoni. Ele acrescenta que a diferença tão grande de preços entre os estados se explica também por fatores locais envolvendo logística e concorrência.

Analistas preveem impacto similar na gasolina. Em 17 de maio, a Petrobras reduziu para R$ 2,78 o litro do produto às distribuidoras, uma queda de 12,57%. Mesmo assim, Braz estima que ela deve encarecer até 20% por causa da nova cobrança do ICMS, com alíquota fixa de R$ 1,22 por litro. Ele projeta que o litro do produto, cujo preço médio foi de R$ 6,21 em abril, chegará a R$ 7. Já o Ibmec trabalha com aumento entre R$ 0,15 e R$ 0,20 este mês. Além do que, a inflação na gasolina deve atingir 90% dos estados.

Economia

pt-br

2023-06-01T07:00:00.0000000Z

2023-06-01T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/281917367462952

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.