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BRF vai receber R$ 4,5 bi de Marfrig e fundo árabe

Ações da dona de Sadia e Perdigão têm valorização de 11,83% no Ibovespa. Assembleia de acionistas vota operação hoje

JOÃO SORIMA NETO joao.sorima@sp.oglobo.com.br SÃO PAULO

ABRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, informou ao mercado, em fato relevante que a Marfrig e a Saudi Agricultural and Livestock Investment Company, por meio do Fundo Soberano da Arábia Saudita (Salic), vão injetar R$ 4,5 bilhões na companhia através da subscrição de novas ações. Com isso, as ações ordinárias (com direito a voto) da BRF saltaram 11,83%, e as da Marfrig subiram 6,24%, entre as maiores altas do Ibovespa. Na esteira, os papéis de Minerva e JBS avançaram 3,86% e 2,38%, respectivamente.

A Marfrig tem 33% da BRF, enquanto a Salic passará a ter 16% da companhia. O fundo saudita também tem 33,8% da Minerva, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul.

De acordo com o fato relevante, a ação emitida (BRFS3) no aumento de capital terá preço máximo de R$ 9, o que representa um prêmio de 24% em relação ao fechamento de terça, R$ 7,27. O acordo prevê que Marfrig e Salic coloquem, cada um, R$ 2,25 bilhões na BRF. Serão emitidas 500 milhões de ações.

— Com isso, a Marfrig, que possui 33% do capital da companhia, passará a ter uma fatia de 38,7%. Já a Salic terá participação de 16% na companhia —diz João Frota, analista da Senso Investimentos.

Para que esse aumento de capital se concretize, terá de ser aprovado pela assembleia de acionistas, que ocorre hoje.

PARA MELHORAR O BALANÇO

O estatuto da BRF tem uma poison pill (literalmente, “pílula de veneno”), que impõe um limite de participação no capital da companhia. Esse é um mecanismo de proteção para acionistas minoritários de empresas de capital aberto.

“Há a intenção de aprovar na assembleia a exclusão da poison pill, para quem adquirir mais de 33,33% do capital da empresa, abrindo espaço para a Marfrig atingir 38% de posição, após a oferta”, afirmaram em relatório analistas da Ativa Investimentos.

Segundo Frota, da Senso, o aumento de capital tem como objetivo sanar a situação financeira complicada da BRF. No primeiro trimestre deste ano, a dívida líquida da empresa atingiu R$ 15,3 bilhões, com grau de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 3,3 vezes, um patamar bastante elevado.

Além do aumento de capital, lembra Frota, a BRF vem buscando outras alternativas para melhorar o seu fluxo financeiro, como a venda da divisão de pet, avaliada em R$ 2 bilhões. A companhia também busca fundos para vender precatórios e ativos judiciais, diz o analista.

A BRF também tem intenção de se desfazer de algumas granjas inativas e florestas que possui, a fim de arrecadar outros R$ 2 bilhões e desalavancar o seu balanço.

—Tudo indica, após a conclusão destas operações, a alavancagem da BRF fique abaixo de 2,0 vezes — diz Frota, que estima um preço alvo de R$ 11,00 para as ações da BRF.

RECUPERAR A CONFIANÇA

O analista lembra que a Marfrig anunciou um aumento de capital de R$ 2,5 bilhões para dar conta da operação com a BRF. O aporte será ancorado pela holding MM, de Marcos Molina, controlador da Marfrig, que se comprometeu a cobrir pelo menos dois terços da operação.

Em março do ano passado, Molina e a Marfrig assumiram o controle da BRF. Na assembleia geral de acionistas, Molina conseguiu 97,88% dos votos para eleger sua chapa única no Conselho de Administração da BRF.

A aprovação veio depois que a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, que detém 6,13% do capital da BRF, entrou em acordo com a Marfrig e indicou um dos membros da chapa. Molina chegou à BRF com a missão de reestruturar a empresa e recuperar a confiança do mercado.

Molina investiu mais de R$ 7 bilhões em ações para conquistar a atual posição acionária na BRF.

Uma das primeiras mudanças foi a troca de comando: no lugar de Lorival Luz, entrou Miguel Gularte, que era presidente da Marfrig. Na ocasião, analistas de mercado avaliaram a troca como positiva.

Economia

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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