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Construtoras da Lava-Jato voltam a poder prestar serviço para Petrobras

Odebrecht e Andrade Gutierrez entram em lista de empreiteiras pré-qualificadas para disputar obras na estatal

MARIANA BARBOSA mariana.barbosa@sp.oglobo.com.br SÃO PAULO

Em meio à perspectiva de retomada de investimentos, a Petrobras divulgou a lista das construtoras pré-qualificadas para as próximas obras. Depois de praticamente se fechar para as empreiteiras brasileiras envolvidas na Lava-Jato nos últimos anos, a nova lista inclui nomes como Andrade Gutierrez e UTC, habilitadas para médios e grandes projetos. Na categoria de megaprojetos, o único grupo de capital 100% nacional pré-qualificado é a OEC (Odebrecht Engenharia e Construção), com as subsidiárias OECI e Tenenge. A lista de pré-qualificação para megaprojetos inclui as estrangeiras Siemens, Hyundai Engenharia, GE Power & Water e Toyo Setal (empresa brasileira do grupo japonês Toyo Engineering).

RETOMADA DE OBRAS

Desde 2018, as construtoras OEC e Andrade Gutierrez já não estavam mais na lista de fornecedores vetados pelo compliance da Petrobras. Porém, ainda não haviam conseguido se préqualificar para participar de novas concorrências.

Nos últimos anos, essas empresas passaram por processos de reestruturação e vêm aos poucos retomando obras e recuperando a rentabilidade. A Andrade Gutierrez conseguiu alongar uma dívida internacional de R$ 2,3 bilhões e tem hoje uma carteira de obras a executar de R$ 10,1 bilhões nos próximos anos. Trata-se do mesmo volume que a empresa faturou em 2013, época em que as obras públicas no Brasil estavam a todo vapor.

As receitas despencaram com a crise, mas ensaiam uma retomada desde 2021, quando somaram R$ 2,8 bilhões. No ano passado, as receitas aumentaram 21%, e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 245 milhões. A expectativa para este ano é crescer mais 43%, alcançando R$ 5 bilhões de faturamento.

Na OEC, a crise também parece ficar para trás. A empresa fechou 2022 com receita de R$ 4,6 bilhões, alta de 68%, e um lucro bruto de R$ 822 milhões. A carteira de projetos cresceu em R$ 6,2 bilhões, alcançando R$ 16,6 bilhões, dividido meio a meio entre clientes públicos e privados, no Brasil, EUA, Angola, Peru e Panamá.

Nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, além de pisar no freio dos investimentos, a Petrobras deu preferência a empresas estrangeiras, uma estratégia nem sempre bem-sucedida. Em junho de 2022, a estatal rompeu acordo com o consórcio chinês Kerui-Método após sucessivos atrasos no contrato de R$ 2 bilhões para a construção do Polo GasLub (antigo Comperj). As obras foram retomadas em abril, em um novo contrato com a Toyo Setal.

Economia

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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