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CPI do MST é encerrada após bate-boca entre deputado e Caiado

Cúpula encerra sessão após governador se irritar com pergunta sobre doadores de campanha

GABRIEL SABÓIA E JULIA NOIA politica@oglobo.com.br

Um bate-boca entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o deputado Paulão (PT-AL) provocou ontem o encerramento da sessão da CPI do MST na Câmara. Caiado se irritou quando foi questionado sobre seus doadores de campanha. O governador pediu respeito ao parlamentar e o mandou calar a boca. Momentos antes a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) havia citado o fato de os colaboradores terem sido, supostamente, arrolados em investigações por narcotráfico, o que foi negado por Caiado, convidado a prestar depoimento por meio de um requerimento apresentado pela oposição.

—Cala a sua boca que estou falando. Não faço parte das suas bandalheiras. Vim aqui para falar sobre o MST e vocês (governistas) querem falar do CPF das pessoas. Me respeite — disse o governador, que foi chamado à comissão para falar sobre providências tomadas no estado para evitar invasões de terra.

Parlamentares governistas levantaram de suas cadeiras e, diante da confusão generalizada, o presidente da CPI, Coronel Zucco (PLRS), terminou a sessão, atendendo também a apelos do relator, Ricardo Salles.

Os embates ontem começaram antes mesmo do início da sessão. Deputadas do PSOL, Sâmia Bomfim (SP) e Talíria Petrone (RJ) tiveram cinco questões de ordem indeferidas por Zucco, que passou o direito de fala a outros deputados.

Uma militante de esquerda, identificada como Líbia Bellucci, diretora do sindicato dos enfermeiros do Rio de Janeiro, se manifestou em defesa das deputadas, e o presidente da CPI pediu para que seguranças a retirassem da sala. As parlamentares se colocaram na frente e impediram a saída. Ficou acordado que ela permaneceria no plenário, desde que em silêncio. Em uma segunda manifestação, a ativista foi expulsa.

As deputadas reagiram e tiveram os microfones cortados. Apesar dos apelos, elas não puderam falar, por exemplo, sobre pedidos acerca dos dias em que as sessões da CPI são realizadas atualmente.

VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Não foi a primeira vez que Sâmia foi impedida de falar durante a sessão. O Ministério Público Federal acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) por avaliar se ela foi vítima de violência política de gênero ao ter o microfone desligado durante sua fala pelo presidente da comissão, na abertura dos trabalhos na última semana.

Na manifestação, a procuradora Raquel Branquinho, que coordena o grupo de trabalho do MPF sobre violência política de gênero, afirmou que os fatos noticiados sobre a conduta de Zucco se enquadram como crime pelo Código Eleitoral. A legislação prevê pena de reclusão de um a quatro anos para quem constranger e humilhar parlamentar ou candidata por ser mulher como o objetivo de “impedir ou dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo”.

Política

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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