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Centro com vaga na Esplanada só dá 25% dos votos ao governo

Levantamento foi feito em três votações com derrotas para o Planalto; a tríade de partidos, junta, comanda nove ministérios

DIMITRIUS DANTAS dimitrius.dantas@sp.oglobo.com.br BRASÍLIA

Nas três principais votações da Câmara anteriores à MP dos Ministérios, os três partidos que ampliaram para além da esquerda a aliança governista de Lula deram apenas 25% de seus votos ao governo. MDB, PSD e União Brasil têm três ministérios cada um, mas resistem a encorpar a base.

Com três ministérios cada um, PSD, MDB e União Brasil entregaram apenas 25% dos votos para o governo Lula em três das matérias mais relevantes dessa legislatura na Câmara, aponta levantamento feito pelo GLOBO. A análise levou em conta as votações do marco temporal para terras indígenas, dos decretos sobre saneamento e da urgência do PL das Fake News, nas quais o governo foi derrotado.

Nas votações desses três projetos, o PSD deu 32 votos a favor do governo e 60 contra. Já no MDB, foram 30 votos seguindo a orientação do Palácio do Planalto, enquanto 65 votos foram contra. Nesse grupo, o partido mais resistente tem sido o União Brasil. Apenas 14% dos votos da sigla nesses projetos estavam alinhados com o governo. Ao todo, 124 dos 145 votos da sigla nas votações analisadas pelo GLOBO foram contra o governo.

Na última terça-feira, o governo sofreu uma nova derrota na Câmara com a aprovação do projeto que cria um marco temporal para a demarcação das terras indígenas. Pela proposta, os povos indígenas só têm direito a territórios que já ocupavam ou disputavam na promulgação da Constituição de 1988. Em outro revés para o Planalto, a Casa já havia derrubado parte dos decretos que modificaram o marco legal do saneamento.

Considerando o PSD, o MDB e o União, nenhum dos deputados dessas três siglas votou junto com o governo nos três projetos analisados pelo GLOBO. Entre todos os que participaram das três votações, isto é, não faltou em nenhuma, todos votaram contra o governo pelo menos uma vez. No caso do União Brasil, a situação é ainda pior: nenhum dos parlamentares da sigla votou com o governo duas vezes, considerando essas três votações prioritárias.

CINTURÃO DE OPOSIÇÃO

Os dados permitem identificar um grupo de parlamentares que provavelmente permanecerá inacessível ao governo mesmo em caso de mudança de postura do resto do partido. No MDB, por exemplo, sete parlamentares votaram contra o governo nas três votações: Alceu Moreira (RS), Carlos Chiodini (SC), Delegado Palumbo (SP), Osmar Terra (RS), Otoni de Paula (RJ), Sergio Souza (PR) e Thiago Flores (RO). Não por acaso, alguns deles foram intimamente ligados ao bolsonarismo, como Osmar Terra, que chegou a fazer parte do Ministério do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No PSD, são dez os deputados que não se alinharam com o Palácio do Planalto em nenhuma dessas três votações relevantes. Entre eles estão nomes como o do deputado Sargento Fahur (PR), também alinhado ao bolsonarismo. A situação se repete no União Brasil, com oposicionistas como Kim Kataguiri (SP), Rosângela Moro (SP) e Mendonça Filho (PE), ex-ministro da Educação de Michel Temer. Ao todo, 24 dos parlamantares da sigla não votaram com o governo em nenhuma dessas votações.

Por outro lado, os registros das votações indicam alguns deputados que contrariaram a maioria em seus partidos e votaram junto com o governo. No caso da derrubada dos decretos do marco do saneamento, o deputado Ricardo Maia (MDB-BA) foi o único da legenda a votar com o Planalto.

No União Brasil, na votação do marco temporal, foram dois os deputados que foram contr o projeto: Felipe Becari (SP) e o Delegado Matheus Laiola (PR).

Uma das principais arestas do governo com o União Brasil está justamente no líder da bancada da Câmara, Elmar Nascimento (BA). Adversário do PT na Bahia, ele foi vetado para o Ministério de Lula e desde então anunciou que o partido seria independente, apesar de ter indicado os titulares de três pastas. Nem a manutenção de um indicado no comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) serenou os ânimos de Elmar , que é aliado próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Deputados da base têm se queixado de que o governo estaria travando a liberação de emendas parlamentares e a indicação de cargos no governo.

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2023-06-01T07:00:00.0000000Z

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