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Repor hormônios na menopausa?

Angélica Banhara Jornalista, palestrante especializada em fitness, alimentação saudável e bem-estar @angelicabanhara

Areposição hormonal é tema controverso. Decidi mergulhar no assunto não apenas porque estou nessa fase (tenho 56 anos), mas porque muitas mulheres me pediram para falar sobre ela.

Depois de pesquisar e ouvir várias palestras de especialistas, escrevo esta coluna a partir da entrevista com a médica Alessandra Rascovski, endocrinologista com doutorado pela Faculdade de Medicina da USP e autora de vários estudos científicos publicados em revistas médicas nacionais e internacionais. O conteúdo completo está no site, mas segue aqui um resumo.

Só para lembrar: menopausa é a parada da menstruação há um ano. Entre as brasileiras, isso costuma acontecer entre 46 e 52 anos. Mas os sintomas relacionados à menopausa muitas vezes começam antes, no período de transição chamado de climatério ou perimenopausa (que costuma começar entre quatro e oito anos antes da menopausa).

O sintomas são: ondas de calor (fogachos), alterações no sono, sudorese, queda de energia, cansaço, dor no corpo nas articulações, alterações de humor, ganho de peso, dificuldade para emagrecer, acúmulo de gordura abdominal, sintomas genitourinários (falta de lubrificação vaginal, dor na relação sexual, escapes de urina, bexiga hiperativa e infecção urinária), baixa libido, queda de cabelo, afinamento dos fios, raciocínio mais lento e dificuldade para lembrar.

O acúmulo de gordura abdominal é simultâneo à diminuição da massa muscular. É indispensável, então, incluir na rotina exercícios aeróbicos e musculação, que também aliviam os sintomas acima.

Com os avanços da medicina, a terapia de reposição hormonal, feita com hormônios mais próximos do natural (nos bioidênticos, as moléculas são iguais aos hormônios produzidos pelo nosso organismo), oferecem inúmeros benefícios e melhoram a qualidade de vida.

A reposição deve ser feita nos primeiros dez anos da menopausa, numa fase chamada de janela de oportunidade, evitando iniciá-la após os 60 anos.

Alessandra lista as quatro principais indicações para terapia hormonal, segundo guidelines das associações de especialistas do Brasil e do mundo: muitos sintomas vasomotores (fogachos, ondas de calor, sudorese), sinais atróficos e sintomas genitourinários, prevenção e tratamento de osteoporose e menopausa precoce (antes dos 40 anos).

Entre os benefícios da reposição hormonal estão alívio dos sintomas vasomotores (fogachos e sudorese), melhora da atrofia vaginal e dos sintomas genitourinários, prevenção e tratamento da osteoporose e combate à menopausa precoce.

—O sono é um ponto muito importante: pessoas que dormem mal têm maior risco de ganho de peso e depressão. E as queixas de insônia relacionadas a fogachos chegam a 60% dos casos —explica.

A reposição hormonal pode ser feita via oral, transdérmica (pela pele), adesivo ou DIU.

—É importante ressaltar a necessidade de individualizar os hormônios prescritos, a dose e a via de administração.

Segundo Alessandra, os principais riscos da terapia hormonal são trombose e câncer de mama em mulheres que não podem fazer reposição. As contraindicações são: doença hepática descompensada, câncer de endométrio, história prévia ou atual de infarto e derrame (AVC), porfiria, lúpus com alto risco tromboembólico, sangramento vaginal de causa desconhecida e lesão pré-câncer.

A recomendação geral é usar baixas doses de hormônios, sempre mais próximos do natural, considerar as vias de administração e individualizar o tratamento.

—As mulheres merecem a oportunidade de discutir a terapia hormonal. É importante que elas tenham uma vida longa, cheia de vitalidade e funcionalidade. E a reposição hormonal bem feita pode oferecer isso, aumentando a qualidade de vida e a autoestima—conclui a especialista.

A reposição deve ser feita nos primeiros 10 anos da menopausa, numa fase chamada de janela de oportunidade

Saúde

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2023-03-21T07:00:00.0000000Z

2023-03-21T07:00:00.0000000Z

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