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UE e EUA vão enviar a Kiev mais € 2,3 bi de ajuda militar

Anúncio ocorre no mesmo dia da visita de Xi a Moscou; proposta europeia ainda precisa ser referendada por líderes

Estados Unidos e União Europeia (UE) deram uma resposta ao desembarque do presidente chinês, Xi Jinping, para uma visita de três dias à Rússia que reforça os laços entre Pequim e Moscou. Os europeus aprovaram um novo plano de auxílio militar para a Ucrânia estimado em € 2 bilhões (cerca de R$ 11,3 bilhões), enquanto os americanos reforçaram sua já multibilionária ajuda em US$ 350 milhões (aproximadamente R$ 1,84 bilhão).

O anúncio europeu veio após chanceleres do bloco alcançarem um acordo na noite de domingo — dividido em três fases, o plano tem a pretensão de ampliar a capacidade de produção de munição e armamentos no bloco. Com a finalidade de manter a capacidade de apoio militar a Kiev contra a invasão russa, a proposta agora precisa ser referendada pelos governos da UE, o que deve ocorrer até quinta-feira.

O governo da Ucrânia tem advertido repetidamente que suas tropas precisam racionar munição, o que limita seu poder de fogo em um momento no qual o conflito se transformou em uma guerra de desgaste. Kiev teme que os aliados ocidentais não consigam manter o fluxo de envio de equipamentos, fundamental desde que seu próprio arsenal se esgotou ainda nos meses iniciais da guerra.

GASTO ALTO DE MUNIÇÃO

O governo de Volodymyr Zelensky tem preocupação especial com a capacidade produtiva da indústria bélica ocidental. Recentemente, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e outras autoridades da aliança militar ocidental afirmaram que o volume de munição gasto na Ucrânia era superior à capacidade de produção.

Os americanos, por sua vez, anunciaram a ajuda militar de US$ 350 milhões, que inclui munições para os modernos lança-foguetes Himars e blindados Bradley. Desde o início do conflito, em 24 de fevereiro do ano passado, o centro de estudos Council on Foreign Relations estima que Washington já tenha destinado US$ 76,8 bilhões (R$ 402,75 bilhões) em ajuda aos ucranianos até meados de janeiro —US$ 46,6 bilhões (R$ 244,35 bilhões) deles em assistência militar.

Em um comunicado anunciando as contribuições, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que “a Rússia por si só poderia pôr fim à sua guerra hoje”. Segundo ele, “enquanto a Rússia continuar, estaremos unidos com a Ucrânia pelo tempo que for necessário”.

Ambos os anúncios coincidem com a visita de Xi a Moscou, onde o líder chinês foi recebido com pompa pelo presidente russo, Vladimir Putin.

Fontes diplomáticas apontam que a Ucrânia precisa de cerca de 350 mil projéteis de artilharia por mês para manter a resistência aos avanços russos e planejar uma contraofensiva ainda neste ano. Ao mesmo tempo, os próprios arsenais da UE se encontram baixos, uma situação que já provoca certa apreensão no bloco. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, chegou a afirmar que a aprovação do plano de ontem era necessária para manter a capacidade de apoio militar à Ucrânia.

— Do contrário, estaremos em dificuldades para continuar abastecendo a Ucrânia com armas — disse Borrel.

RESERVAS NACIONAIS

A intenção dos diplomatas do bloco seria finalizar os primeiros envios de projéteis à Ucrânia ainda em maio, e firmar os contratos conjuntos no começo de setembro. O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, que participou por videoconferência da reunião em Bruxelas, comemorou o acordo alcançado pelo bloco.

— (O entendimento) reforçará as capacidades da Ucrânia em campo de batalha —disse ele.

Os países da UE já enviaram o equivalente a € 12 bilhões (R$ 67,5 bilhões) em ajuda à Ucrânia, parte deste valor retirado do Fundo Europeu de Apoio à Paz. O novo plano teria um papel-chave para convencer os países a continuarem enviando munição de suas reservas para a Ucrânia, sem o temor de ficarem desabastecidos pela indústria europeia.

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2023-03-21T07:00:00.0000000Z

2023-03-21T07:00:00.0000000Z

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