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Governo decide subir juro do consignado, mas negocia taxa

Ideia é chegar a solução intermediária para aposentados, entre 1,90% e 2% ao mês

GERALDA DOCA E SÉRGIO ROXO economia@oglobo.com.br BRASÍLIA

Asolução para a volta do crédito consignado para aposentados e pensionistas pelos bancos deverá ocorrer somente nos próximos dias. Há consenso no governo de que o teto de juros de 1,70% ao mês precisará subir, mas ainda não há um número que agrade a todos os lados e supere o impasse. O assunto foi discutido em reunião ontem, no Palácio do Planalto, e um novo encontro já foi marcado para sexta-feira, desta vez com a participação de representantes dos bancos privados.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse ao GLOBO que será marcada uma nova reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), no próximo dia 28, para elevar os juros. Apenas o conselho pode mexer oficialmente na taxa.

Até sexta-feira, segundo Costa, as instituições financeiras serão procuradas para buscar um acordo sobre o patamar a ser aplicado. Os representantes do governo vão tentar conseguir o aval para uma taxa inferior aos 2,14% que estavam em vigor até a semana passada.

— Será maior do que 1,70%, porque esse é um patamar que nem a Caixa e o Banco do Brasil conseguem operar —disse o ministro da Casa Civil.

A suspensão do consignado para os aposentados e pensionistas do INSS pelos bancos completou quatro dias ontem. O assunto foi discutido por Rui Costa, pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Previdência Social, Carlos Lupi, além de secretários das três pastas e as presidentes da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, e do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, no Palácio do Planalto.

Segundo um interlocutor que participou da reunião, eles ficaram de avaliar até semana que vem a possibilidade de mudança, mas não foi batido o martelo.

Os bancos deixaram de conceder o empréstimo aos segurados do INSS na última quinta-feira, após o ministro Lupi aprovar, no Conselho Nacional de Previdência Social, redução no teto dos juros de 2,14% ao mês para 1,70%, sem o aval da Fazenda e sem negociar com os bancos.

Integrantes da equipe econômica avaliam que Lupi acabou criando um problema político entre o governo e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O plano é encontrar uma solução intermediária, que coloque os juros entre 1,90% e 2% ao mês.

O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Inocentini, afirmou que os bancos aceitariam um teto de 1,90% ao mês, depois da repercussão negativa da suspensão dos empréstimos. Na reunião do CNPS, lembrou, representantes do setor financeiro fizeram contraproposta de 2,08%, mas foram voto vencido.

A Febraban informou em nota que não há posição da entidade sobre o assunto:

“Quem fala sobre os bancos é a Febraban e ainda não há posição dos bancos sobre o novo teto”, disse a entidade.

R$ 7 BILHÕES POR MÊS

Os bancos públicos informaram ao Ministério da Fazenda que a taxa de 1,70% não cobre os custos da operação, mesmo no caso deles, que emprestam muito para os próprios clientes aposentados. Os bancos menores têm custo ainda mais elevado por causa da comissão paga aos chamados “pastinhas”, representantes comerciais desses produtos. O setor alega ainda que a inadimplência é elevada, pois, em caso de morte, o pagamento é suspenso automaticamente.

Segundo o setor financeiro, por mês são concedidos R$ 7 bilhões em operações para esse público. A carteira gira em torno de R$ 250 bilhões.

Economia

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2023-03-21T07:00:00.0000000Z

2023-03-21T07:00:00.0000000Z

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