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BC pode deixar ‘porta aberta’ para corte de juro adiante

Para analistas, apresentação da regra fiscal não mudaria rumo da decisão desta semana, mas abre espaço para redução neste ano

JOÃO SORIMA NETO E IVAN MARTÍNEZ-VARGAS economia@oglobo.com.br SÃO PAULO E RIO Vitor da Costa) (Colaborou

Aapresentação da nova regra fiscal antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) provocaria um efeito positivo, mas não seria decisiva para a redução da taxa básica de juros, afirmam especialistas. Na avaliação de economistas, a Selic deve permanecer em 13,75% ao ano, mas a ata da reunião pode “deixar as portas abertas” para um corte nos próximos meses.

Na avaliação de Flávio Serrano,

economista da Blueline Asset Management, não há espaço para corte de juros ainda. Se o projeto do arcabouço fiscal tivesse sido entregue pelo governo ao Congresso, diz, poderia contribuir para melhorar as expectativas de inflação:

— Mas, no curto prazo, não contribuiriam para a queda de juros. A possibilidade de corte da Selic nesta semana não existe.

Serrano pondera que a atividade econômica está desacelerando, mas que o processo está só no começo. Outro fator a levar em consideração é o mercado de trabalho. O desemprego está em 8,4%, mas em três meses 1 milhão de pessoas pararam de trabalhar.

Para o especialista, a primeira redução de juro deve ocorrer em agosto, de 0,25 ponto percentual. O corte poderia ser antecipado para junho se o BC perceber desaceleração do crédito, após a crise da Americanas, e se persistir o cenário de cautela com os bancos no exterior.

Sergio Vale, economistachefe da MB Associados, entende que a demora do governo em anunciar a proposta de regra fiscal traz insegurança, mas diz que ela pode abrir espaço para corte de juros caso preveja mecanismos de controle de despesas. O economista projeta redução da Selic a partir do terceiro trimestre:

— Sem arcabouço, não tem conversa (sobre queda de juros). Com uma boa regra, é possível. Outra razão que impede a queda é o ciclo de altas promovida pelo Fed (banco central dos EUA) e pelo Banco Central Europeu .

Caio Megale e Rodolfo Margato, da XP, avaliam em relatório divulgado ontem que os dados mais recentes da economia foram ruins para a dinâmica inflacionária. A XP projeta ligeiro aumento das projeções para o IPCA de 2023 (de 5,6% para 5,7%) e 2024 (de 3,4% para 3,5%). Por isso, espera que o Copom mantenha a Selic em 13,75%, na quarta, mas avalia que o BC pode deixar a porta aberta para uma queda de juros daqui para frente, caso seja necessário.

“O novo arcabouço promete entregar uma consolidação das contas públicas no ano que vem, mas carece de detalhes sobre como chegar lá. Além disso, a proposta pode ser muito alterada no Congresso”, diz o documento da XP.

Para o chefe de pesquisa da Guide Investimentos, Fernando Siqueira, a combinação do ambiente negativo no exterior com a restrição de crédito na cena local abre espaço para um corte mais cedo da Selic:

—A crise de crédito aqui e a situação ruim lá fora podem gerar a necessidade de movimentação do BC. Ele deve sinalizar corte de juros nos próximos meses.

“Sem arcabouço, não tem conversa (sobre queda de juros). Com uma boa regra, é possível”

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados

Economia

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2023-03-21T07:00:00.0000000Z

2023-03-21T07:00:00.0000000Z

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