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Em discussão de bar, petista mata bolsonarista no interior de Mato Grosso

Polícia procura produtor rural suspeito de assassinar a tiros apoiador do ex-presidente em um bar em Jaciara (MT) após desentendimento. Atirador não teria registro da arma, que ainda não foi localizada pelos investigadores

PAULO ASSAD E LUÍSA MARZULLO politica@oglobo.com.br

O produtor rural Edno Borges, apoiador do presidente Lula, está foragido após, segundo a polícia, ter matado um bolsonarista em Jaciara (MT). O caso amplia a lista de crimes violentos por política no país.

APolícia Civil de Mato Grosso está à procura do produtor rural Edno de Abadia Borges, de 60 anos, suspeito de assassinar a tiros Valter Fernando da Silva, de 36 anos. O crime aconteceu na noite de domingo, na cidade de Jaciara, a 140 quilômetros de Cuiabá, no estacionamento de um bar. Segundo o delegado do caso, José Ramon Leite, a motivação foi uma discussão sobre política. A vítima seria um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o atirador, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Testemunhas ouvidas pela polícia relataram que Borges e Silva fizeram uso de bebidas alcoólicas ao longo da noite, enquanto estavam no bar, e começaram a discutir por divergências políticas. Segundo a corporação, tanto a vítima quanto o suspeito não tinham antecedentes criminais.

—Diante do fato de a vítima defender o ex-presidente Jair Bolsonaro e o suspeito, o presidente Lula, essa divergência fez com que os ânimos ficassem acalorados, elevados —aponta o delegado.

Ele detalhou o que teria acontecido em seguida, a partir dos relatos colhidos na investigação:

—O Edno convidou a vítima para ir até a caminhonete dele, no lado de fora do estabelecimento. Chegando lá, deu dois disparos com a arma de fogo.

Silva foi atingido duas vezes no abdômen. Ainda de acordo com a polícia, fora autor e vítima, ninguém viu os disparos sendo feitos, já que apenas os dois homens estavam no estacionamento, que não tem câmeras de segurança.

Borges, então, deixou o bar em sua caminhonete, enquanto os clientes foram ao estacionamento prestar socorro ao baleado, que morreu no local. O carro usado na fuga foi encontrado em uma estrada vicinal a uma distância de 10 quilômetros, segundo o delegado.

Enquanto apreendiam o carro, as autoridades policiais identificaram duas pessoas em um outro veículo nas proximidades. Segundo o delegado, a dupla, formada por um filho de Borges e um amigo, chegou a admitir que pretendia dar apoio ao suspeito, mas que não conseguiu localizá-lo. A intenção seria ajudá-lo a fugir para Campo Verde, a cerca de 70 quilômetros do município onde o crime aconteceu.

— O filho chegou a alegar que o pai possuía o registro da arma, mas até o momento esse registro não foi trazido. Não há nenhuma arma registrada no nome do Edno. Salvo melhor juízo, está irregular — diz Leite.

MOTIVO FÚTIL

A arma utilizada no crime ainda não foi localizada e Edno Borges está foragido. Segundo a polícia, apesar da motivação ter se dado por divergências políticas, o caso não é tratado como um crime político.

—O crime político é um crime contra o Estado, contra os poderes constituídos. O que temos aqui é um homicídio por motivação política. É um crime comum, qualificado pelo motivo fútil — explicou o delegado José Ramon Leite.

Um dos pontos a ser esclarecido é se Borges e Valter da Silva se conheciam anteriormente ou se encontraram no bar somente no dia do crime.

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2023-03-21T07:00:00.0000000Z

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