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Doleiro Alberto Youssef volta a ser preso pela Lava-Jato

Decisão afirma que operador não devolveu ‘todos os valores desviados’

IVAN MARTÍNEZ-VARGAS ivan.martinezvargas@edglobo.com.br SÃO PAULO

Pivô do início da operação, em 2014, ele foi preso por, segundo o juiz Eduardo Appio, não ter devolvido os valores desviados.

Odoleiro Alberto Youssef foi preso ontem em Itapoá (SC), por decisão do juiz federal Eduardo Appio, que desde fevereiro é o responsável pelas ações relacionadas à Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a mesma do ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União).

O magistrado decretou a prisão preventiva após a Receita Federal afirmar, no âmbito de uma investigação, que Youssef “não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados” por ele ao longo das últimas décadas.

O doleiro foi um dos primeiros, e principais, delatores que possibilitaram o desenvolvimento da Lava-Jato. O operador chegou a cumprir pena por quase três anos por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, mas foi libertado devido a um acordo de delação premiada homologado em 2014 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em sua decisão, Appio afirma que o acordo de delação premiada “não se encontra em discussão”, mas, sim, sua abrangência.

Segundo a investigação do Fisco, Youssef tem “enorme periculosidade social e caráter voltado à prática de crimes financeiros de colarinho branco”. Appio afirma que o doleiro não comunicou mudança de endereço à Justiça Federal, o que demonstraria “certeza de impunidade”.

Appio destaca o operador foi condenado a mais de 32 anos de prisão por cometer crimes financeiros. Relembra, ainda, que o doleiro assinou um acordo de delação premiada em 2004, no âmbito do caso Banestado, e que “houve manifesta reiteração delitiva” que o levou a ser preso novamente e a assinar novo acordo de colaboração, em 2014.

“O relatório fiscal para fins penais da Receita deixa evidenciado que o acusado (Youssef) não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são totalmente incompatíveis com a situação da imensa maioria dos cidadãos brasileiros. O investigado foi um verdadeiro arquiteto de diversas organizações criminosas ao longo dos últimos 20 anos, sendo certo que a sua reincidência revela incompatibilidade com o regime de liberdade provisória sem condições”, conclui Appio.

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2023-03-21T07:00:00.0000000Z

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