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EQUILÍBRIO SÓ EM CAMPO

Fla investiu mais do que o dobro do Palmeiras em contratações desde 2019

BRUNO MARINHO bruno.marinho@extra.inf.br

Não há muito mistério no futebol: times que investem mais do que os outros, em algum momento, vencem mais. O Palmeiras é exceção e há cinco anos resiste a essa lógica, conseguindo se manter no mesmo patamar de resultados que o Flamengo. A questão que fica é até quando.

A atual janela de transferências eleva a diferença no histórico de investimento entre as duas equipes a um patamar emblemático. Com a contratação de Gerson por 16 milhões de euros (R$ 88,3 milhões na cotação atual), o rubronegro chegou a 145 milhões de euros (R$ 800 milhões) em contratações desde 2019, mais do que o dobro do gasto pelo Palmeiras no mesmo período (70 milhões de euros, R$ 386 milhões).

Ainda assim, são 11 títulos dos cariocas no período, incluindo duas Libertadores, dois brasileiros e uma Copa do Brasil, contra sete dos paulistas, também duas vezes campeões da Libertadores, uma vez do Brasileiro e uma da Copa do Brasil.

O histórico de conquistas mesmo sem investimentos tão altos não impede que a pressão sobre a diretoria do Palmeiras seja grande neste início de temporada. Abel Ferreira já frisou a necessidade da contratação de reforços de qualidade. A torcida, depois do empate com o São Paulo, pichou o muro da sede social cobrando novos jogadores para o elenco. A presidente Leila Pereira resiste ao cerco.

— Não é porque o Palmeiras vendeu muito bem que tem muito dinheiro em caixa, o que não é o caso, que vamos sair gastando — afirmou Leila, em referência às transferências de Gustavo Scarpa e Danilo para o Nottingham Forest.

Contratações de impacto como as que o Flamengo acumula desde início da gestão de Rodolfo Landim nunca foram uma prática palmeirense, mesmo nos dias de maior gastança. O perfil dos movimentos da diretoria paulista no mercado tem sido outro, voltado para jogadores mais jovens e menos consagrados.

BOAS ESCOLHAS

O que faz a diferença a favor do Palmeiras, impedindo que os cariocas abram vantagem técnica, é o acerto em decisões-chave. Primeiro, com a contratação de Abel Ferreira, em 2020. Desde que o português chegou ao alviverde, o Flamengo, por outro lado, teve cinco técnicos diferentes: Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Paulo Sousa, Dorival Júnior e, agora, Vítor Pereira.

Há o rendimento também de contratações menos expressivas em termos de repercussão, mas que têm oferecido resultados tão bons quanto os medalhões do rubro-negro. Nomes importantes nos últimos cinco anos se encaixam neste perfil: Luan, Zé Rafael, Raphael Veiga, Gustavo Scarpa, Rony.

Isso, porém, tem demorado um pouco mais a se repetir com a última leva de investimentos. Em 2022, ano em que a diferença de gastos em contratações de Flamengo e Palmeiras foi o menor, os nomes trazidos pela diretoria não tiveram muito efeito prático sobre o desempenho da equipe palmeirense. A exceção é o zagueiro Murilo, que custou 2,2 milhões de euros (R$ 12 milhões). López, Bruno Tabata, Atuesta e Merentiel custaram caro para comporem elenco.

Amanhã, os dois times que se revezam no topo do futebol do país medirão forças na Supercopa do Brasil. A dúvida que existe, e que poderá ser sanada no Mané Garrincha, é sobre até quando esse equilíbrio esportivo conseguirá se sustentar com a crescente desigualdade nos investimentos.

Esportes

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2023-01-27T08:00:00.0000000Z

2023-01-27T08:00:00.0000000Z

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