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Josué Gomes e Skaf anunciam fim da disputa de poder na Fiesp

Atual presidente segue no cargo. Nota conjunta diz que é preciso superar divergências

IVAN MARTÍNEZ-VARGAS ivan.martinezvargas@edglobo.com.br SÃO PAULO

Após meses de enfrentamento com entidades patronais do grupo político de Paulo Skaf, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, costurou com o antecessor um acordo que encerra o movimento que buscava a destituição do empresário. “Conclamamos a todos que abandonem eventuais diferenças”, diz nota assinada por ambos.

O texto foi acertado em reuniões entre Josué, Skaf e membros do grupo oposicionista, como André Sturm, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (Sindcine).

A nota não menciona quais foram os acertos entre as partes, mas O GLOBO apurou que a contrapartida de Josué é dar maior poder aos sindicatos patronais na composição de estruturas de poder na entidade, em especial nos 14 conselhos superiores.

A costura se deu a partir de um aceno dado por Josué no dia 23 de janeiro a cerca de 50 dirigentes de ao menos 33 sindicatos patronais, em reunião dos chamados comitês de aprimoramento da governança da Fiesp.

MAIS DIÁLOGO

A reunião foi uma tentativa de Josué de se manter no mandato após ter sofrido derrotas para o grupo oposicionista. Na ocasião, o empresário afirmou querer buscar o diálogo e dar mais voz às entidades na composição dos conselhos superiores. Josué vem conversando com o grupo próximo a Skaf para evitar uma judicialização da disputa de poder.

Josué assumiu a Fiesp em janeiro de 2022, eleito em uma chapa única promovida por Skaf, que presidiu a entidade por 17 anos. Simpatizante de Jair Bolsonaro, Skaf teria ficado contrariado com apostura política de Josué, que, além de costurar o manifesto pró-democracia lido na USP, recebeu o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva na entidade.

A partir do episódio, a relação entre Josué e Skaf azedou, e o ex-presidente da entidade passou afomentar o movimento de oposição. Uma votação com sindicatos patronais em 16 de janeiro decidiu pela derrubada de Josué por 47 votos a 1. No dia 20, oposicionistas enviaram e-mails informando que Elias Miguel Haddad, de 95 anos, um dos 24 vice-presidentes, assumiria o mandato. Comisso, a entidade passou ater dois presidentes.

O texto assinado por Josué e Skaf afirma que “nas últimas semanas a Fiesp passou por momentos de discussões, internas e públicas, que representaram um dos maiores desafios na história de mais de 90 anos da entidade”.

“Diante disto, estivemos juntos refletindo sobre nossa federação, a situação da indústria e sua inserção no quadro de intensas transformações não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. (...) Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências”, diz o documento.

Segundo pessoas ligadas a Skaf, o desenho jurídico que resolve o imbróglio e encerra a presidência interina de Haddad já está em estudo e deve ser anunciado hoje.

Economia

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2023-01-27T08:00:00.0000000Z

2023-01-27T08:00:00.0000000Z

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