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Transporte é maior problema para socorrer aldeias

Representantes de 34 territórios dizem que distritos sanitários não têm remédios e operam com atraso de contrato de veículos

KAROLINI BANDEIRA karolini.magalhaes@oglobo.com.br BRASÍLIA

Em meio à crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, representantes de 34 territórios se reuniram em Brasília, com o secretário da Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, para apresentar, um por um, os problemas em suas aldeias e pedidos de melhorias. Há um consenso: todos os distritos sanitários operam com atraso de contratos de veículos e medicamentos.

Segundo Adelinaldo Rodrigues, presidente de um dos conselhos distritais, os profissionais de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima não conseguem chegar às comunidades distantes porque “raramente há carro ou transporte aéreo”.

A falta de veículos e combustível também prejudica as ações de saúde em Pernambuco, segundo Antônio Pankararu. Ele culpou a gestão Bolsonaro pela “situação precária” do seu distrito.

— O último governo nos deixou em uma situação completamente precária. Relatei ao secretário a falta de transporte e combustível e a péssima estrutura das unidades básicas em Pernambuco. Alguns distritos sanitários sequer possuem unidades básicas, na verdade —disse o líder indígena.

Em abril de 2022, o então ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recebeu uma carta de 342 lideranças indígenas expondo a falta de carros e combustível e pedindo, urgentemente, providências nos territórios — em especial, Roraima. “Vivemos um completo descaso com a assistência em saúde às comunidades indígenas, falta de combustível e transporte que está prejudicando seriamente as ações de saúde na área”, destacava o texto entregue ao ministro. “Reforçamos que o corte de verbas destinadas à saúde indígena pela metade, configura, junto às outras medidas, um verdadeiro projeto de genocídio dos povos indígenas”.

Em entrevista ao GLOBO assim que assumiu o cargo, o secretário de Saúde Indígena afirmou que retomar as contratações de serviço básico é a principal prioridade da gestão. O desafio será aumentar o orçamento destinado à pasta, pouco mais de R$ 1,5 bilhão.

Na reunião de hoje, o secretário sinalizou que a perspectiva com o aumento do orçamento é positiva. Weibe Tapeba teria afirmado às lideranças que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “deu carta branca” aos investimentos para o setor.

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2023-01-27T08:00:00.0000000Z

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