Infoglobo

Rosa evita polêmicas e opta por pauta ‘light’ no STF

Tema tributário abre o ano, e marco temporal está fora da agenda. Objetivo é sair dos holofotes e conter bolsonaristas

MARIANA MUNIZ mariana.muniz@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA

Após os ataques de 8 de janeiro, que destruíram os prédios dos três Poderes, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, divulgou uma pauta de julgamentos considerada “light”, com a opção por casos que não gerem polêmicas. A ideia é tirar a Corte dos holofotes e evitar que o tribunal volte a ser alvo da fúria bolsonarista.

Para a primeira sessão de julgamentos, marcada para a próxima quarta-feira, a ministra escolheu como primeiro processo da pauta uma ação que analisa os “limites da coisa julgada”. O tema diz respeito à esfera tributária.

Segundo o GLOBO apurou, a ministra optou por colocar no calendário de julgamentos do primeiro semestre casos que estão há algum tempo na fila, mas que não colocarão a Corte no centro dos debates. Interlocutores do STF, no entanto, apontam que isso não significa que questões de caráter urgente ou de relevo social estejam permanentemente fora do radar. Rosa Weber deixou, em cada mês, uma sessão sem nenhum processo pautado para que ações remanescentes ou novos casos sejam incluídos na agenda.

HISTÓRICO

A opção por pautas que fujam de polêmicas tem sido feita pela presidente do STF desde a sua posse, em setembro do ano passado. Com o país às vésperas das eleições e o constante tensionamento entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Judiciário, Rosa deu prioridade a temas que tivessem pouca chance de gerar comoção social. Deixou apenas para o pós-eleições, por exemplo, a análise do chamado orçamento secreto.

Uma ala de ministros da Corte ouvida reservadamente concorda com a escolha feita pela presidente e crê que a pauta “esvaziada” evita novas rotas de colisão do Supremo com a opinião pública.

Conforme a pauta que já foi divulgada, ficou fora da agenda a ação que discute a tese do marco temporal das terras indígenas. O tema ganhou força nos últimos dias com a crise sanitária e humanitária envolvendo o Território Yanomami.

Também não está no calendário a ação que discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez. O processo, que tramita desde 2017 no STF, foi proposto pelo PSOL.

Outro caso que desperta atenção, a questão envolvendo o chamado “juiz de garantias” também não figura na pauta liberada na terça-feira. De acordo com a alteração feita pelo Pacote Anticrime no Código de Processo Penal (CPP), o juiz das garantias atua na fase do inquérito policial e é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais dos investigados. A criação desse mecanismo, porém, está suspensa há dois anos por uma decisão liminar.

Não foram incluídas nas sessões de julgamento, ainda, as ações apresentadas em abril deste ano contra o indulto concedido por Bolsonaro menos de 24 horas após o STF condenar o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) a oito anos e nove meses de prisão por atos antidemocráticos e ataques a membro da Corte.

Política

pt-br

2023-01-27T08:00:00.0000000Z

2023-01-27T08:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/281719798717035

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.