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Menina de 10 anos é a 6ª criança morta por bala perdida em um ano no estado

Rafaelly Vieira, de 10 anos, brincava na porta de casa quando pessoas em um carro passaram pela rua fazendo disparos. Em um ano, ela é a sexta criança a perder a vida por bala perdida no Estado do Rio

JOÃO VITOR COSTA joao.brito@oglobo.com.br

Rafaelly Vieira foi atingida por tiro de fuzil na porta de casa, numa rua movimentada de São João de Meriti. Disparo foi feito por pessoas que passaram num carro.

Rafaelly da Rocha Vieira morava em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ela completou 10 anos no último dia 20 e tinha festa de aniversário marcada para amanhã. N anoite de anteontem, amenina brincava com amigos na porta de casa — na esquina da Avenida Getúlio de Moura, uma das principais do centro da cidade, coma Rua Doutor Monteiro de Barros — quando foi baleada e morta por um tiro de fuzil. Segundo testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, pessoas num carro efetuaram os disparos. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga o caso.

‘CADÊ A RAFA?’

Rosa Maria Salgado é avó de Rafaelly. Na manhã de ontem, ela esteve no Instituto Médico-Legal de Duque de Caxias para reconhecer o corpo da neta:

— Não tenho palavras, eu só quero a minha Rafa de volta. Ela era minha única netinha. Completou 10 aninhos no dia 20, e agora… Cadê a Rafa? — desabafou a avó, com a voz embargada.

A festa de aniversário da menina aconteceria em um sítio no município vizinho de Nova Iguaçu. Até um ônibus já tinha sido alugado para transportar os convidados.

Segundo a Secretaria de Saúde de São João de Meriti, Rafaelly deu entrada na UPA do bairro Jardim Íris às 19h40 ainda com vida, “vítima de lesão por arma de fogo”, mas não resistiu aos ferimentos.

Marido de Rosa Maria, Wellington Ladislau acompanhou a avó da criança na ida até a UPA, mas, no caminho, os dois receberam a notícia da morte.

—Agente vê a violência pela televisão, hoje quem chora somos nós —lamentou.

Parentes contam que, na noite de quarta-feira, Rafaelly brincava na porta de casa quando homens encapuzados teriam passado pela porta de sua casa atirando.

— Ela estava brincando no quintal, se assustou com os tiros e correu em direção à rua, quando foi baleada no tórax —disse Lucimar Cotta, parente da avó de Rafaelly.

A Polícia Militar informou que o 21º BPM (São João de Meriti) não fazia operação no local no momento em que Rafaelly foi atingida, mas prestou auxílio após uma equipe ter sido abordada pelo condutor de um carro, “que informou que estava socorrendo uma pessoa ferida por disparo de arma de fogo”.

— Virou uma coisa banal uma criança ser morta na escola, dentro ou na porta de casa — afirmou a madrinha de Rafaelly, Elza Alaíde.

TRAGÉDIA REPETIDA

Em 2020, também em São João de Meriti, Ítalo Augusto de Castro Amorim, de 7 anos, estava brincando na porta de casa quando foi atingido por um disparo. Ele já chegou morto à UPA do bairro. Nos primeiros instantes de 2023, na festa de réveillon, Juan Davi de Souza Faria, de 11 anos, levou um tiro na cabeça na varanda de casa, em Mesquita, na Baixada Fluminense, quando contemplava a queima de fogos.

A plataforma Fogo Cruzado anunciou que a marca de mil vítimas de bala perdida foi atingida no fim de 2022, em mapeamento da violência armada no Rio realizado desde julho de 2016. Rafaelly, que será enterrada hoje, às 13h30, no Cemitério Vila Rosali, em São João de Meriti, foi a sexta menor de idade morta por bala perdida em um ano no Estado do Rio.

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2023-01-27T08:00:00.0000000Z

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