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Preparando o traje para o centenário

Obras na fachada do Copacabana Palace fazem parte da programação do seu centenário, que acontece em 13 de agosto. A agenda festiva, iniciada no réveillon, ainda prevê decoração temática para o tradicional baile de gala, atração do carnaval

LUIZ ERNESTO MAGALHÃES luiz.magalhaes@oglobo.com.br black pool,

Endereço que é uma imagem identitária do Rio, o Copacabana Palace já se apronta para a comemoração dos seus 100 anos, no dia 13 de agosto. Encoberta por andaimes, a fachada passa por reforma que inclui uma pintura mais próxima da cor original, no tom de “pérola branca”, além de uma nova iluminação e da recuperação de elementos decorativos.

Em contagem regressiva para comemorar seu centenário no próximo dia 13 de agosto, o Hotel Copacabana Palace, ícone da sofisticação carioca, deu início a uma série de atividades programadas ao longo do ano. O calendário inclui, além de eventos, projetos como a recuperação da famosa fachada voltada para a praia desde 1923. Na reforma, estão previstas nova pintura, mais próxima da que existia no início do século passado, e uma nova iluminação cênica. A montagem dos andaimes começou esse mês, e as obras acabam em julho.

—Hoje a fachada do Copa tem duas tonalidades. Apresentamos uma proposta, aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para toda a fachada ser no tom pérola branca. Não posso afirmar que o prédio ficará igual ao que era na inauguração porque passou por reformas antes de ser tombado. Mas a ideia é se aproximar disso —explica o arquiteto Ivan de Sá Rezende, responsável pelo projeto.

CARNAVAL TEMÁTICO

Os restauradores, acrescenta Rezende, também vão recuperar elementos decorativos da fachada do Copacabana Palace, que serão revestidos com tom de cor camelo. Intervenções no hotel também ocorreram nas ruas laterais e na fachada da Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

—Participar desse projeto é muito significativo para mim. Todo carioca tem alguma relação com o Copacabana Palace, independentemente de ter se hospedado. Para alguns, é um símbolo de beleza; para outros, uma lembrança de que um ídolo também se hospedou ali —conta Ivan.

A celebração do centenário começou no réveillon, com a festa ‘‘White and Gold’’, uma homenagem ao hábito do brasileiro de se vestir de branco na virada do ano. Ao longo do ano, as comemorações incluirão eventos temáticos. No Carnaval, em 18 fevereiro, o baile de gala do Copa terá como tema ‘‘Túnel do Tempo 1923-2023’’. A ideia é decorar o hotel com elementos que remetem não apenas ao seu século de história, mas também ao que se imagina para os próximos cem anos. Um dos salões será decorado com imagens que lembram a fase em que o endereço abrigou um concorrido cassino. Para recriar o clima, estão previstos vários elementos: o teto será coberto por cartas de baralho, por exemplo. Outro cenário do baile reproduzirá a piscina do sexto andar usada apenas pelos hóspedes das suítes presidenciais.

Além de cuidar da fachada, o arquiteto Ivan Rezende foi responsável pela restauração do teatro do hotel, reinaugurado em novembro de 2021. Com 323 lugares, o espaço recebeu uma série de adaptações, inclusive assentos para obesos e elevadores para pessoas com deficiência. Os elementos decorativos também foram restaurados, assim como serão agora na fachada do imóvel.

Para Sérgio Magalhães, ex-secretário municipal de Urbanismo e ex- presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a história do hotel está intimamente associada à história do bairro e à da cidade.

—O Copacabana Palace serviu de âncora para o modelo de ocupação de Copacabana, ajudou a consolidar o bairro. Ao abrir, serviu como um sinal de riqueza e desenvolvimento da cidade. E por anos rivalizou em importância com o Hotel Glória —diz. — Enquanto o Copacabana era símbolo de local de confraternização das elites da cidade, o Glória era o ponto de encontro da elite e de políticos mesmo depois que a capital federal foi transferida para Brasília —lembra Magalhães.

Os dois hotéis têm trajetórias semelhantes. O Glória abriu em 1922 durante o centenário da Independência e fechou em 2008, em meio a uma crise financeira. Hoje, passa por reformas e será um residencial. Nos anos 1980, a família Guinle, ex-proprietária do Copacabana Palace, cogitou demolir o imóvel e construir novos prédios.

A última grande intervenção no Copacabana Palace ocorreu a partir de 2012. Na época, foram gastos cerca de R$ 30 milhões em adaptações, incluindo reformas de banheiros e da recepção.

Em estilo eclético, o prédio foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire. No Rio, Gire assina também o Palácio das Laranjeiras, o antigo Hotel Glória e o prédio A Noite, primeiro arranha-céu moderno da cidade —que o governo federal tenta há tempos vender para um comprador disposto a pagar os mais de R$ 28 milhões cobrados pelo imóvel.

“Todo carioca tem alguma relação com o Copacabana Palace”

Ivan de Sá Rezende, arquiteto responsável pela obra

“Ao abrir, o hotel serviu como um sinal de riqueza e desenvolvimento da cidade”

Sérgio Magalhães, arquiteto

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2023-01-27T08:00:00.0000000Z

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