ELOS ENTRE A COP E A PANAMAZÔNIA

Região tem que ser vista como solução, não como problema, reivindicam especialistas

Após uma longa depuração, transferir o que fica da COP27 para o mundo real não é uma tarefa simples. Ainda mais se em termos geográficos o foco estiver sobre a Pan amazônia. Estimulara proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável da região no Brasil, Peru ou Colômbia, por exemplo, é algo distinto doque fazer o mesmo no Suriname ou nas Guianas. A Amazônia se espalha por nove países.

Na realidade brasileira, a COP27 também marcou uma mudança no estilo de o país jogar no campo das relações internacionais.

— O Brasil, mesmo pressionado, deixou a retranca e foi para cima. Lula disse que vai entregar o desmatamento zero, e não apenas o ilegal, e ainda cobrou os países ricos a serem mais ativos —afirma Raoni Rajão, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em políticas públicas ambientais, em referência ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Rajão, os caminhos que precisam ser seguidos para que a Amazônia entre nos trilhos do desenvolvimento sustentável, antes de mais nada, devem ser divididos entre o curto e o longo prazo. — De imediato, a questão é fazer com que o discurso político fique evidente na prática e com muita transparência — afirma. — É preciso ajustar a legislação e evitar que o ilegal seja legalizado. Além de impedir, na cadeia da pecuária, por exemplo, que os produtores ‘lavem o gado’. Ter rastreabilidade em toda a cadeia, o que nem sempre ocorre, é essencial. Até para satisfazer os parceiros internacionais”.

A direção por ele apontada vai na mesma toada de um documento proposto pela rede Uma Concertação Pela Amazônia, que reúne dezenas de especialistas e publicou o documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias” dias antes do segundo turno das eleições. Para o grupo é fundamental fazer com que a Amazônia deixe de ser vista como um problema e passe a ser uma solução, com estímulo tambémà bio economia. E isso, sempre, coma participação dos amazônidas.