JUSTIÇA CLIMÁTICA GANHA FORÇA

Agenda, que traduz luta de países e regiões pobres contra consequências do aquecimento global, vem crescendo nas COPs

Ao mesmo tempo em que a COP27 trouxe avanços tímidos na implementação dos compromissos climáticos assumidos pelos 198 países que fazem parte da Convenção do Clima das Nações Unidas, um tema saiu vitorioso: od ajustiçaclimática. A agenda traduza lutados países e regiões pobres e vulneráveis contra as consequências do aquecimento global —historicamente causado pelos países com maior concentração de renda—evem ganhando contornos mais expressivos nas últimas COPs, com maior presença de lideranças de movimentos sociais, como negros, indígenas, quilombolas e jovens periféricos.

Um dos destaques da cúpula no Egito foi a criação do fundo para a reparação por perdas e danos às nações mais afetadas pela emergência climática, que deverá ser discutido ao longo de 2023, com implementação prevista para 2024. O fato de o Brasil ser um dos cinco maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo provavelmente não o colocará entre os países aptos a receber recursos do fundo, mas ativistas levantam abandeira de que regiões vulneráveis a extremos climáticos como as periferias das grandes cidades e de regiões costeiras devem ter maior espaço na discussão.

—Quer emosque as periferias se tornem eixos principais na questão de perdas e danos no Brasil. Existe uma Amazônia urbana com 52% da populaçãomorando em favelas e exposta aos eventos extremos, comoé ocaso de Belém—diz Marcelo Rocha, jovem ativista e fundador do Instituto Ayika.

A expectativa de que atemática da justiça climática ganharia espaço já rondava a conferência pelo fato de ser realizadaem solo africano—as cúpulas anteriores foram realizadas no continente europeu. Com 17% da população mundial, os países africanos são muito vulneráveis às mudanças climáticas, pois o continente recebe apenas 5,5% do financiamento climático do mundo e tem gastos anuais com adaptação que chegam a US$ 11,4 bilhões, segundo a ONU.