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Art Basel Miami: Brasil marca presença

NELSON GOBBI nelson.gobbi@oglobo.com.br MIAMI, EUA

Descendo a escada rolante que leva ao térreo do Miami Beach Convention Center, lar da Art Basel Miami desde a sua primeira edição, em 2002, colecionadores, galeristas, jornalistas e demais convidados do preview da feira levavam alguns segundos para perceber se a mulher suspensa numa cadeira por cabos de aço era uma escultura ou uma performer. A resposta vinha dos pequenos movimentos da colombiana María José Arjona, uma das artistas secionadas para o programa Meridians, curado por Magalí Arriola, diretora do Museo Tamayo da Cidade do México, em uma das tentativas do evento de ampliar a diversidade de sua programação, além de um aceno à produção latino-americana, que ganhou na Miami Basel — que abriu ontem e hoje para convidados e passa receber o público amanhã — sua principal porta de entrada para coleções de todo o mundo.

Há 15 anos como diretor global da Art Basel, incluindo as edições em Miami, Marc Spiegler será sucedido por um antigo executivo da empresa, Noah Horowitz. Na cerimônia de abertura, esta “troca de guarda” interna entre a direção do evento serviu para destacar os 20 anos da feira, e como ela venceu as desconfianças do mercado na escolha da cidade para sediá-la, tornando-se a maior das Américas e uma das principais do mundo.

Em sua 20ª edição, que Spiegler diz ser a mais grandiosa de todas, “ocupando literalmente cada metro” do complexo de 45 mil metros quadrados com 289 galerias, a feira orgulha-se de ter colocado a cidade no mapa do circuito mundial de arte e ter sido o estopim do surgimento de instituições como o Pérez Art Museum e o Rubell Museum, inaugurado este ano.

ALÉM DE ‘MIAMI VICE’

Falando das mudanças causadas pela feira, Spiegler brincou com a forma como a cidade passou a ser lembrada além do seriado “Miami Vice” e como venceu a disputa com outros centros americanos já consolidados no mundo da arte, como Nova York e Los Angeles. Horowitz, seu substituto, destacou o crescimento da arte latino-americana junto com a feira:

—Na verdade, a feira jogou luz sobre a arte latina e coleções que já existiam aqui, dos anos 1980 e 1990. Ficamos felizes de poder contribuir para a projeção de artistas e galerias da América do Sul e Central e perceber como eles ampliaram sua participação nesses 20 anos.

Com uma escultura cinética de grande escala de Raul Mourão à sua entrada (já vendida para um colecionador de Connecticut), o estande da galeria Nara Roesler, presente na feira desde a edição inicial, era visitado ontem pelo bilionário de origem argentina e mega-colecionador Jorge Pérez, criador do Pérez Art Museum Miami (PAMM). Diretor da galeria, Alexandre Roesler diz que, no ano passado, na primeira edição presencial após a pandemia, a equipe da sede da Nara Roesler de Nova York ajudou a manter a participação no evento:

— Tem muitos colecionadores acostumados a ver a arte latina e brasileira, especificamente, na feira. E, durante a pandemia, muitos deles se mudaram para Miami, por conta do clima ou de impostos mais favoráveis, e ficaram por aqui, o que ajuda no crescimento deste público local. Pérez complementa: — Basel fez Miami a cidade que é hoje, não só pela feira anual mas também pelos eventos satélites que vieram junto. Acidade está cheia de colecionadores, temos amigos de todo o mundo aqui esta semana.

Também presente desde a primeira edição, a Fortes D’Aloia & Gabriel levou à feira obras de artistas de diferentes gerações e abordagens: R od rig oC ass, Cristiano Lenhardt, Wanda Pimentel, Erika Verzutti e a dupla Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.

—A feira mudou acena cultural da cidade, quenos anos 1990 era mais ligada à música pop,àmoda,àindús triado entretenimento de forma geral. Miami é uma capital latina, foi uma aposta que deu muito certo. Ela atrai novos colecionadores americanos, muitos deles da área de tecnologia, do Vale do Silício — contextualiza Alex Gabriel, um dos sócios da galeria.

Outra que acompanha o crescimento da feira desde o primeiro a noé a Casa Triângulo, integrante do programa K abi nett,quep revê uma curadoria específica dentro da seleção proposta pela galeria. Uma das 29 galerias selecionadas para o programa, a paulistana preparou um solo de Ascânio MMM para este fim.

—É interessante participar do Kabinett porque traz uma outra atenção, a galeria entra num guia de visitação específico. Pensamos em uma obras históricas do Ascânio, entre os anos 1960 e 1970 —adianta Rodrigo Editore, um dos sócios da Triângulo.

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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