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O DILEMA DO TITE

PAULO CESAR VASCONCELLOS esporteglb@oglobo.com.br

Olá! Fosse eu o Tite, e a ideia de preservar alguns jogadores para a partida de sexta feira contra Camarões já estaria a engatinhar. É hora de pensar nas oitavas de final! Não é decisão fácil em país que avalia desempenho pelo resultado e com o hábito de comprar bilhetes para a Ponte Aérea Euforia-Depressão (tem uma escala na Histeria). E o Tite sabe disso. Quem está há seis anos treinando a seleção brasileira se transforma em especialista na medição de glória e fracasso. A maior defesa para tal proposta é o fato de que o Brasil soma seis pontos.

Por natureza, os técnicos de futebol são solitários. O homem que dá expediente à beira do campo dirigindo os de verde e amarelo tem a exata noção do peso de uma decisão. A atividade é tensa.

Durante os dois jogos as cenas se repetiram: sempre que as câmeras o mostraram trajando bem cortados ternos azuis (os tons variaram do primeiro para o segundo jogo), os olhos estavam arregalados, os braços cruzados, a mão direita a segurar o queixo, a fisionomia contraída e o caminhar constante. Dois profissionais com quem trabalha ficam sentados no banco com fones de ouvido. O mais alto e jovem é Matheus Rizzi Bachi, filho de Tite. O mais baixo, de barba e óculos é Cleber Xavier, parceiro profissional desde os tempos do Grêmio, o que nos remete ao começo deste século.

Eles fazem parte de um grupo de vozes que o tempo inteiro sugere, argumenta, debate, conversa, pondera e sabe que a decisão final é do solitário que os comanda. Por mais que a palavra equipe se aplique a um trabalho aperfeiçoado em seis anos de aprendizado, o técnico, este solitário que nunca está só, tem o ônus e o bônus da palavra final.

A preservação de alguns jogadores se daria em momento propício pela calmaria que os seis pontos e a liderança no grupo trazem. Faria bem a quem for escalado e melhor ainda a quem teria o “direito” de não assinar a súmula. Na lista para o descanso, além dos lesionados Danilo e Neymar é possível incluir

Thiago Silva, Paquetá, Vini Jr. e Casemiro.

Por falar em Casemiro! Vê-lo jogar me remete a um filme: “Meu Tempo é Hoje”, dirigido por Izabel Jaguaribe, com roteiro da própria Izabel, Zuenir Ventura e Joana Ventura. Trata-se de um perfil do Oitentão Paulinho da Viola. É lindo! Já vi o documentário não sei quantas vezes e o título virou meio que um mantra. Meu tempo é hoje! Casemiro na posição é o melhor jogador que vi neste século. E aos da minha geração, nem sempre tolerantes com o presente e afetuosos com o passado, eu digo que o tempo de Casemiro é hoje!!

Ô SORTE!

Preservação se daria em momento propício pela calmaria que os seis pontos e a liderança no grupo trazem

Catar 2022

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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