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SAUDITAS APOSTAM EM NOVA ZEBRA DE ‘MILAGREIRO’

Com fama de peregrino por equipes menores, Hervé Renard tenta segundo maior feito da carreira hoje, contra o México

BERNARDO MELLO bernardo.mello@infoglobo.com.br

Misto de andarilho e treinador das causas impossíveis, o francês Hervé Renard pode conduzir a maior zebra de um torneio de seleções —de novo. Hoje à frente da Arábia Saudita, que depende apenas de si contra o México, às 16h (de Brasília), para avançar às oitavas de final, Renard tem uma carreira de peregrinação por clubes e seleções de segunda linha, cujo ápice ocorreu há exatamente uma década, com o título da Copa Africana de Nações por Zâmbia.

Em 2012, Renard foi chamado de “louco” por prometer levar uma desacreditada Zâmbia às semifinais do torneio continental, segundo o treinador declarou em entrevista recente à revista The Athletic. Logo na estreia veio uma vitória sobre a favorita Senegal, por 2 a 1, coincidentemente o mesmo placar da surpresa imposta pelos sauditas à Argentina nesta Copa. Com raríssimos jogadores que atuavam fora do continente africano, Zâmbia ainda derrubaria craques internacionais de Gana e da Costa do Marfim, como André Ayew e Didier Dr ogba,p ara superara previsão deRen ardes agrar-se campeã inédita do torneio.

À época, já apareciam os métodos de motivação pouco ortodoxos do treinador francês, que viralizaram nesta Copa com o vídeo da bronca nos jogadores sauditas no intervalo contra a Argentina. Renard buscou inspirara seleção zambiense coma memória de um desastre aéreo que matou, em 1993, 18 jogadores daquela que era considerada a melhor geração do país. A tragédia havia ocorrido em Libreville, capital do Gabão, perto do estádio onde a final da Copa Africana seria disputada.

— Na véspera da final, fomos à praia onde o avião tinha caído. Era uma obrigação nossa jogar pela memória dos que faleceram —disse Renard.

—A pré-temporada com ele foi amais duraque eu já fiz. Ele nos colocava para fazer o exercício de “prancha” por dois minutos, e eu tremia como um cachorro. Enquanto isso, ele ria, gritava e fazia aprancha por cinco minutos — relatou em 2018 ao jornalThe Gu ardiano goleiro J oh nRuddy, comandado por Renardnaquart adi visão inglesa em 2004.

‘A PARTIDA MAIS IMPORTANTE’

Renard aprontou de novo em 2015, levando a Costa do Marfim, enfraquecida sem o ídolo Drogba, a um novo título da Copa Africana. Em 2018, a seleção do Marrocos, dirigida por Renard, esteve a ponto de eliminar a Espanha na fase de grupos, após dois jogos em que, apesar de derrotada, dominou Portugal e Irã.

Mesmo sem o melhor resultado, Renard deixou de herança no Marrocos “achados” como o volante Amrabat, hoje titular, que tem ascendência marroquina mas vinha atuando pela base da Holanda até ser recrutado pelo treinador.

Contratado em 2019 para dirigira seleção saudita, turbinada pelos investimentos da monarquia local no futebol, Renard buscou imprimir seu estilo na espinha dorsal da equipe, formada majoritariamente por jogadores do Al-Hilal. A combinação de jogadores entrosados, tempo para treinar—os sauditas passaram um mês nos Emirados Árabes se preparando —e um técnico conhecido por cobrar intensidade e postura ofensiva deu resultado: a Arábia Saudita surpreendeu a Argentina com suas linha saltas na estreia, criou dificuldades para a Polônia e, se depender de Renard, vai para cima do México naquela que o francês classificou, ontem, como “a partida mais importante da carreira”.

O volante Al-Maliki, suspenso, desfalca a equipe, que também não terá o meia Al-Faraj,cort ad opor lesão, e o lateral-esquerdo Al-Burayk, com problema muscular.

Catar 2022

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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