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SCALONI TENTA EVITAR QUEDA E MANTER SONHO DO TRI MUNDIAL

Argentina tem de vencer a Polônia para ir às oitavas sob a batuta de treinador que oscila entre lendas Menotti e Bilardo

BRUNO MARINHO Enviado especial bruno.marinho@extra.inf.br DOHA

Lionel Scaloni demorou pouco tempo para chegar ao ponto alto de ser o técnico da seleção de seu país em uma Copa do Mundo. Com apenas seis anos de experiência, quatro como treinador, colocou a Argentina nos eixos, uma casa que parecia impossível de ser arrumada. Ele é tido como pragmático. Um bom gestor de vestiário, menos preocupado com as atuações do que com os resultados em si. Um “bilardista”, de certa maneira.

A semelhança com Carlos Bilardo, campeão com a Argentina em 1986, ganha como contraponto a tutoria de César Menotti, vencedor em 1978. O ex-treinador de 84 anos, tido como representante maior da escola de toque de bola do país, é uma espécie de conselheiro da seleção e tem canal aberto com o técnico atual.

Hoje, às 16h (de Brasília), contra a Polônia, no Estádio 974, Scaloni tenta manter vivo o sonho do tricampeonato argentino, fortíssimo no desembarque ao Catar, mas atualmente sob dúvidas depois das atuações ruins contra Arábia Saudita e México. Faz isso transitando entre duas maneiras diferentes do argentino encarar o futebol.

O auge do antagonismo ocorreu nas décadas de 1980 e 1990, mas de certa forma a dicotomia dura até hoje. Diego Simeone, com seu Atlético de Madrid vencedor, mas de jogo feio, de um lado; Marcelo Bielsa, menos campeão, mas ovacionado pelo espanhol Pep Guardiola, do outro.

Jogador profissional entre 1995 e 2015, Scaloni não foi treinado nem por Menotti, nem por Bilardo, ainda que ambos estivessem ativos na primeira metade de sua carreira. Quem vê Scaloni hoje levando a Argentina ao Mundial depois do segundo lugar nas Eliminatórias, do título da Copa América e da vitória sobre a Itália, campeã europeia, enxerga um pouco das duas escolas.

— Ele está no meio do caminho entre os dois — afirma o jornalista Javier Aparicio, da Rádio 10. —Se ele pudesse escolher, teria a defesa de Bilardo e o ataque do Menotti. Esse seria o mundo ideal para Scaloni.

Nesta Copa do Mundo, a Argentina não tem tido nem uma coisa, nem outra. Fez dois gols em duas partidas, com grandes dificuldades de criação. E sofreu dois gols da Arábia Saudita, logo na primeira partida.

ADMIRAÇÃO POR TITE

Reverter isso e dar uma guinada rumo ao tricampeonato mundial tiraria Lionel Scaloni da sombra dos dois campeões.

Carlos Bilardo, com problemas de saúde, está afastado do futebol. Já Menotti, uma instituição na Argentina, foi trazido para bem perto da seleção pelo presidente da Associação Argentina, Cláudio Tapia. Não tem papel em campo ou em treinamentos, mas serve de guru para um dos treinadores mais jovens da Copa. Tem a função de trazer a experiência que o treinador não tem. Como jogador, o máximo de experiência que teve foi ter disputado a Copa de 2006, como reserva.

A maneira como arma a seleção, como tenta potencializar o único craque que tem à disposição, Messi, lembra Bilardo e sua jornada com Maradona, que culminou com o título no México, em 1986.

— Acredito que ele tem um pouco dos dois, mas é difícil fazer essa comparação. O futebol hoje é muito diferente dos tempos de Menotti e Bilardo —ressaltou Hernán Cisto, do TyC Sports.

Outra referência de Lionel Scaloni, essa bem mais recente, é também um adversário. O treinador nunca escondeu sua admiração por Tite. Em entrevistas, destaca seu trabalho.

Ontem, na coletiva que pode ter sido a penúltima na Copa do Mundo —Scaloni e Argentina precisam vencer a Polônia para garantir a classificação para as oitavas — o treinador destacou que torcerá pelo título de uma seleção sul-americana no Catar, caso sua equipe caia pelo caminho.

Com o Uruguai errante na competição e o Equador eliminado, a torcida poderá ser justamente pela vitória do Brasil. Treinado por Tite:

— Estou feliz que o Brasil passe. Sou fã número 1 do futebol sul-americano, tenho amigos brasileiros, e se não for a Argentina, prefiro que ganhe um sul-americano. Quem pensa o contrário está equivocado. Eles fizeram um bom trabalho, dou os parabéns pelas vitórias.

Catar 2022

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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