Rede de apoio ao empreendedorismo quer ampliar impacto dos pequenos negócios
Criado pela Ambev durante a pandemia, o Bora é um programa de capacitação profissional para incentivo e melhoria de empreendimentos de alimentação fora do lar
Em 2007, Ana Fontes abandonou a estabilidade de um emprego de carteira assinada na área de comunicação social e foi empreender.
— Eu levei muitos anos para me reconhecer, para reconhecer a minha força. Mas quando me vi ativista social, pelos direitos da mulher, me encontrei no mundo — comenta com um sorriso no rosto e orgulho de si.
Ana é fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), organização não governamental criada em 2010, que já impactou mais de nove milhões de pessoas, direta e indiretamente. Um espaço importante de troca, informação e apoio.
— É fundamental que a brasileira encontre formas de gerir a sua renda. Essa condição é libertadora — ref lete.
A liberdade defendida por Ana ganha contornos mais urgentes quando se observam as estatísticas de violência contra as mulheres no país. De acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, no primeiro semestre de 2022, houve quase 170 mil atos de violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial contra brasileiras.
— A situação de violência desferida contra a mulher acontece pela dependência emocional e financeira. A RME atua para garantir fonte de renda a elas desestruturando dessa maneira um ciclo de desrespeito e subjugação — enfatiza Ana, que pessoalmente nunca sofreu algum tipo de violência doméstica, mas como mulher, nordestina e tendo passado por diversas privações econômicas quando criança e adolescente, tem a plena consciência da transformação social decorrente da autonomia financeira.
— Eu trabalho desde os 14 anos e a minha trajetória profissional foi uma das minhas proteções contra a violência e um dos meus instrumentos para construir a minha realidade.
Foi por meio da sua atuação à frente da RME que a Ambev se aproximou do seu trabalho. A empresa firmou parceria com a Rede Mulher Empreendedora em um dos seus principais projetos sociais, o Bora, programa de inclusão produtiva elaborado para promover oportunidades de renda, por meio do empreendedorismo e empregabilidade.
Criado neste ano, ainda com a pandemia de Covid19 em curso, na prática, o programa é uma rede social de empreendedorismo que pretende capacitar cinco milhões de pessoas nos próximos dez anos.
— Identificamos na RME um parceiro estratégico para as nossas metas sopor ciais. A companhia queria trabalhar com o público feminino e percebeu a oportunidade de concretizar essa ideia com o auxílio da instituição — comenta Luiz Gustavo Talarico, gerente de Sustentabilidade e Impacto Positivo da Ambev.
— Desde o início dos nossos trabalhos conjuntos, há seis meses, já impactamos a vida de centenas de pessoas e a transformação social que almejamos realizar ganha forma — diz.
A Ambev atua em conjunto com a RME por meio do Bora nas cidades de São Luiz (MA) e Recife (PE). O projeto está capacitando mulheres com atividades profissionais na área de alimentação. Comida, aliás, é um dos setores mais procurados empreendedoras. De acordo com levantamentos da RME, mais de 70% das mulheres quando pensam em empreender, pensam em algo a partir da culinária profissional, moda ou beleza, áreas que têm a ver com o cuidado com o outro.
Desde maio último, 290 mulheres se inscreveram e estão envolvidas na primeira etapa de capacitação da gestão dos seus negócios. A perspectiva é a de que esse número de participantes chegue a duas mil mulheres. A capacitação recebida por elas é dividida em fases e, ao final, 100 serão selecionadas para um processo de mentoria e aceleração dos seus negócios. Por fim, 40 delas receberão uma ajuda de custo no valor de R$ 1 mil para dinamizar as suas atividades.
— A Ambev entende o auxílio financeiro como um importante meio, mas não o fim em si da ação. Porém, queremos garantir esse repasse de dinheiro para quem se destacar no processo de capacitação oferecida pelo programa, assegurando a essas pessoas, que demonstraram alta performance, mais estrutura para ampliar e diversificar a sua atuação no mercado de trabalho — enfatiza Talarico.
OPORTUNIDADES
O Bora foi concebido a partir de três pilares de atuação que se dividem em conhecimento, empoderamento financeiro e conexão. Ao estipular esse tripé de ação, a empresa quer gerar oportunidades de forma ampla a quem está no mercado buscando meios para se estabelecer. Como a Ambev é uma empresa do setor de bebidas, ela se relaciona fortemente com pequenos e médios empreendedores ligados à cadeia de produção do comércio como bares, restaurantes, hotéis e estabelecimentos correlatos - setor esse prioritário da ação do Bora.
Nesse sentido, a empresa firmou com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Sebrae, em São Paulo, outra parceria fundamental às atividades iniciais do Bora. Ao procurar a entidade para definir os possíveis trabalhos, a Ambev foi conduzida a atuar junto ao público da zona leste da capital paulista - região que soma mais de 260 mil pequenas e microempresas, segundo a entidade.
— Entendemos que o perfil daquele público seria ideal aos anseios da atividade do programa — comenta Marco Vinholli, diretor superintendente do Sebrae-SP.
— O Brasil é um país com milhões de pequenos empreendedores. Uma ação como a do Bora responde a uma demanda natural. Esse projeto ajuda a fomentar uma economia mais dinâmica. Até dezembro próximo, vamos bater a meta de 20 mil pessoas atendidas online pelo programa, mas temos capacidade de ampliação dessa quantidade de atendimentos — revela.
Dentro do Bora, o Sebrae funciona como uma consultoria especializada nas frentes que envolvem a gestão do negócio. Por isso, disponibilizaram uma equipe de 80 profissionais para o atendimento online e presencial dos prestadores de serviço participantes. Todos eles cumprem uma carga horária de 108 horas na sua formação, que aborda assuntos de marketing, finanças, gestão de pessoas, entre outros.
— Além de serem estabelecimentos em atuação na zona leste da capital paulista, estão aptos a participar da iniciativa os empreendedores que já tenham algum tipo de negócio em funcionamento. Não importa se eles ainda não estão completamente estruturados; nossa capacitação existe exatamente para ajudá-los a administrar mais adequadamente as suas atividades e criar soluções originais — diz.
Multinacional com faturamento anual acima dos R$ 50 bilhões e presença em 19 países, a Ambev administra, só no Brasil, mais de 30 cervejarias, comercializa 30 marcas de cervejas e emprega 35 mil funcionários.
— Temos um grande impacto na sociedade e queremos que isso se ref lita também nas ações sociais. A ideia do Bora é a de que todos os seus participantes tornem-se empreendedores com significativa presença em suas áreas de atuação — resume Talarico.
“É fundamental que a brasileira encontre formas de gerir a sua renda. Essa condição é libertadora.” ANA FONTES fundadora da ONG Rede Mulher Empreendedora (RME)
“Temos um grande impacto na sociedade e queremos que isso se reflita também nas ações sociais. A ideia do Bora é a de que todos os seus participantes tornem-se empreendedores com significativa presença em suas áreas de atuação.” LUIZ GUSTAVO TALARICO gerente de Sustentabilidade e Impacto Positivo da Ambev
“O Brasil é um país com milhões de pequenos empreendedores. Uma ação como a do Bora responde a uma demanda natural. Esse projeto ajuda a fomentar uma economia mais dinâmica.” MARCO VINHOLLI diretor superintendente do Sebrae-SP
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