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Dados do Caged apontam desaceleração de emprego com carteira assinada

Dados do Caged apontam redução na geração de vagas em outubro, tanto em relação a setembro como ante igual mês de 2021. Salários de contratação também ficaram menores no mês passado. Analistas veem freio na economia

FERNANDA TRISOTTO fernanda.trisotto@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA

Criação de 159.454 postos de trabalho em outubro foi 42,5% menor em relação ao mês de setembro. Salário médio de contratação também caiu.

Opaís registrou criação de 159.454 empregos com carteira assinada em outubro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, divulgados ontem, em mais um mês de desaceleração na geração de vagas. E o salário médio de admissão caiu, o que também indica freio na atividade econômica, segundo analistas.

A geração de postos de trabalho em outubro foi 42,5% menor do que a registrada em setembro e 36,8% menor do que em outubro de 2021.

Dos cinco grupos pesquisados, quatro tiveram saldo positivo em outubro. O melhor desempenho foi o do setor de serviços, que criou 91.294 vagas. Na sequência aparecem comércio (49.356 postos), indústria (14.891) e construção civil (5.348). A agricultura foi o único setor a registrar saldo negativo no mês, com o fechamento de 1.435 vagas formais.

O salário médio de contratação acompanhou parcialmente a desaceleração. Em outubro, os novos contratos tinham pagamento de R$ 1.932,93. Esse valor é 0,4% menor do que o registrado em setembro — segunda diminuição de salários de admissão desde agosto deste ano.

Já na comparação com outubro de 2021, o valor é 1,2% superior aos R$ 1.910,11 de salário inicial registrados há um ano, corrigidos pela inflação.

— Temos uma variação muito próxima da estabilidade, mas negativa, no salário médio de admissão. Precisamos lembrar do perfil de contratação de fim de ano, em que as vagas são mais voltadas ao comércio e menos à industria, o que acaba afetando o perfil salarial —explicou Felipe Pateo, subsecretário de Estudos e Estatísticas do Trabalho do ministério.

IMPACTO DA ALTA DOS JUROS

Para Rodolfo Margato, economista da XP, os dados do Caged vieram abaixo do previsto, confirmando sinais de um freio na atividade econômica. Ele destaca que os segmentos mais sensíveis à alta da taxa de juros foram os mais afetados. No comércio, a geração de empregos caiu de 40 mil vagas abertas em setembro para apenas 23 mil em outubro.

Margato prevê que o mercado de trabalho formal continuará a perder fôlego nos próximos meses. A XP projeta um saldo de 2,15 milhões de vagas com carteira assinada este ano —menor que o acumulado até agora — e de 1,10 milhão em 2023.

SÃO PAULO LIDERA

No acumulado nos primeiros dez meses deste ano, foram abertas 2.320.252 vagas formais. Reflexo de 19.445.198 admissões e de 17.124.946 demissões, considerando a série com ajustes até outubro. Assim como no mês, o número de empregos criados em 2022 está abaixo do que foi registrado em igual período do ano passado.

Entre os estados, apenas o Amapá registrou saldo negativo em outubro, com fechamento de vagas. Os melhores resultados entre as unidades da federação vieram de São Paulo, que criou 60.404 postos de trabalho com carteira assinada; do Rio Grande do Sul, com 13.853 vagas; e do Paraná, com 10.525 novos empregos.

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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