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‘EMPRESA TEM DE SE ALINHAR À TRANSIÇÃO ENERGÉTICA’

ENTREVISTA Mauricio Tolmasquim, ESPECIALISTA EM ENERGIA E PROFESSOR DA UFRJ (B.R.)

Coordenador executivo do grupo técnico de Minas e Energia da equipe de Lula, o ex-presidente da EPE Mauricio Tolmasquim diz que a Petrobras no novo governo deve ao mesmo tempo investir em energia renovável e na produção de combustíveis de origem fóssil.

Desde a campanha, muito se fala em diversificar a atuação da Petrobras para além do pré-sal. Qual será o novo rumo ?

São dois. O primeiro é transformar a Petrobras numa empresa de energia, o que a gente tem visto no mundo. As grandes petroleiras estão até mudando de nome, se transformando para virarem empresas energéticas, estabelecendo metas para ter emissão líquida zero de carbono. E a Petrobras ainda não conseguiu se adaptar aos novos tempos. Claro que o pré-sal continuará sendo o centro dela, porque é a atividade talvez mais lucrativa da empresa, mas não pode se limitar a isso. E precisa estar alinhada à transição energética. Praticamente todas as empresas de petróleo (estrangeiras) têm solicitações no Ibama de licença prévia para projetos de energia eólica offshore (no mar). Não faz muito sentido a Petrobras estar ausente.

Qual é o outro rumo?

Somos autossuficientes em petróleo, mas dependentes da importação de derivados. E quando tem algum tipo de choque externo, o país é muito afetado, no sistema produtivo, no transporte e nos caminhoneiros. Então a gente pode voltar a expandir o refino para atender o mercado interno. Isso é importante. Tem uma questão estratégica para garantir o abastecimento interno. E quem vai definir isso é nova diretoria, presidente e conselho da Petrobras. Tem que investir na conclusão da expansão de plantas (de refino) e eventualmente verificar entre os planos de plantas novas se alguma é viável. Teria que fazer algum estudo para ver o que que é mais adequado.

E a venda de refinarias? A tendência é suspender?

O prudente seria a atual administração aguardar a nova para ver quais são as linhas estratégicas. E pode ser até que a direção continue o processo de desinvestimento e resolva, por exemplo, investir em uma nova refinaria. Cabe à nova administração resolver. Nada está descartado.

E como será a política de preços de combustíveis?

É preciso entender o mecanismo atual, até para ter uma previsibilidade do que vai acontecer. Isso não é tema da transição. A discussão de política vai ser do novo ministério. O país terá uma política, e a Petrobras vai ter a sua também. O governo não vai ditar o preço da Petrobras, mas pode dizer como é que funciona o preço do Brasil. Já se discutiu fundos de compensação e alguns mecanismos. Mas a empresa vai ter também a sua política. É claro que a política maior é a ditada pelo governo, mas a empresa tem a sua política também.

Economia

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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