‘PL do Veneno’ causa rusga entre grupos de trabalho

Integrantes da área de meio ambiente adiam votação de texto que tem como um dos autores deputado de grupo de agricultura

Integrantes da equipe da área ambiental do governo eleito entraram em campo para evitar que um projeto que trata sobre a entrada de agrotóxicos no país fosse votado no Senado. Em reunião com o senador Acir Gurgacz, presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, o grupo conseguiu adiar a votação da proposta batizada pela oposição como “PL do Veneno” ontem. A discussão da medida e seu adiamento, no entanto, causaram o primeiro embate entre as equipes do Meio Ambiente e da Agricultura da equipe de transição do governo Lula.

O projeto autoriza que o uso de agrotóxicos seja analisado somente pelo Ministério da Agricultura, sem a participação da Anvisa. Um dos autores da proposta na Câmara é o deputado federal Neri Geller (PP-MT), do grupo de Agricultura da transição. O texto é criticado por ambientalistas e autoridades da área de saúde.

Integrante do grupo de trabalho do Meio Ambiente, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) considerou o adiamento uma vitória. O exministro do Meio Ambiente Carlos Minc classificou a proposta de suicida e reforçou o acordo feito há quatro meses com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de não pautar o tema em plenário antes de passar pelas comissões.

“ABRIR A PORTEIRA”

— Essa votação seria precedida por uma reunião com cientistas. Está entrando um novo governo agora. Não faz sentido abrir a porteira, no apagar das luzes, para venenos proibidos — declarou o ex-ministro.

A ex-ministra Marina Silva, uma das integrantes do grupo de Meio Ambiente, minimizou a possível divergência. Ela é apontada como uma das favoritas a assumir o Ministério do Meio Ambiente ou um cargo de Autoridade do Clima, posto que foi prometido por Lula.

—No meu entendimento, é deixar para a próxima legislatura. Mas é uma construção que o presidente e o relator não poderiam fazer sozinhos, iriam conversar com os pares —disse.