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Defesa: militares próximos ao Planalto aprovam Múcio

Mourão afirma que nomeação do ex-ministro do TCU, tido como habilidoso, seria bem-vista pelas Forças Armadas

Aindicação do ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro para o comando do Ministério da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir de 2023 recebeu sinalização positiva de militares ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), informou o colunista do GLOBO Lauro Jardim.

A avaliação entre a ala mais bolsonarista da caserna é de que José Múcio, conhecido pelo seu perfil habilidoso e conciliador, é o nome ideal para conseguir unificar as Forças Armadas em torno do novo governo.

Esse grupo, afirma o colunista, também apoiava uma eventual indicação de Aldo Rebelo, que foi ministro da Defesa de Dilma Rousseff (PT), mas ele deve ser preterido por ter apoiado a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República.

A aceitação dos militares à possibilidade de ter José Múcio no comando da Defesa foi confirmada ontem pelo vice-presidente e senador eleito, Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Ao portal Metrópoles, ele disse que a nomeação do ex-ministro seria “muito bem-vista” pelas Forças Armadas.

—Tenho muito apreço e respeito pelo ministro Múcio, com quem tive ótimo relacionamento quando ele estava no TCU — disse o general ao site, descrevendo o cotada para o posto como alguém “muito educado e jeitoso”.

Na segunda-feira, José Múcio participou de uma reunião com Lula. Segundo a jornalista Natuza Nery, da GloboNews, o petista já teria feito o convite ao ex-ministro. De acordo com auxiliares do presidente eleito, conta a jornalista, Múcio respondeu que precisava organizar a vida privada antes de assumir o desafio. O ex-presidente do TCU teria afirmado a interlocutores ainda que preferia não voltar à atividade pública, mas que talvez não tenha como dizer não a Lula. Múcio chegou buscar um nome para assumir o Ministério da Defesa em seu lugar, mas nenhum agradou.

TEMAS ESPINHOSOS

Pesa a favor do ex-ministro a habilidade para trafegar com facilidade em temas espinhosos. E esse setor é um dos mais sensíveis para o futuro governo, dado o alinhamento dos militares com o presidente Bolsonaro. Múcio foi deputado federal por cinco mandatos e, antes de ir para o TCU, assumiu o Ministério de Relações Institucionais no segundo governo Lula, com a missão de dialogar com o Congresso.

Anteontem, Lula decidiu anunciar até a semana que vem o seu ministro da Defesa, além dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, desistindo de compor um núcleo temático para tratar dos temas relacionados à Defesa, como estava previsto inicialmente. A área será a única que não contará com um grupo de trabalho específico e será liderada, na transição, diretamente pelo futuro ministro. Nos bastidores, o presidente eleito tem deixado claro que não abre mão de escolher um civil para comandar a pasta.

Militares que têm interlocução com integrantes do futuro governo sinalizaram que quanto antes forem anunciados os nomes da cúpula da Defesa, mais rápido devem arrefecer os atos antidemocráticos que ocorrem desde o resultado do segundo turno das eleições, principalmente na frente de quartéis. Apoiadores de Bolsonaro têm se juntado diante de endereços militares pedindo intervenção militar contra a vitória de Lula.

Se o petista decidir nomear os comandantes das Forças por antiguidade, assumiriam o Exército o general Julio Cesar Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção; a Força Aérea Brasileira ficaria sob o comando do tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, atual chefe do Estado-Maior da Aeronáutica; e a Marinha seria chefiada pelo almirante Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do Estado-Maior da Armada (Cema).

Política

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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