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Após polêmica, Lula viaja em jatinho bancado pelo PT

O preço de mercado de voo fretado de São Paulo para Basília é R$ 50 mil

EDUARDO GONÇALVES eduardo.gonçalves@oglobo.com.br BRASÍLIA

Após a repercussão negativa por ter viajado no jatinho do empresário José Seripieri Júnior para um evento internacional como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou uma aeronave alugada pelo PT para ir de São Paulo a Brasília no domingo.

Nesse fim de semana, ele embarcou num Cessna modelo 560XLS, prefixo PPIVA, da empresa Millennium Locadora. A assessoria do PT informou que a despesa foi bancada pela legenda. Lula estava acompanhado da mulher, Rosângela da Silva, a Janja, e do exministro Fernando Haddad,

cotado para assumir o comando da economia a partir do ano que vem. O avião comporta até nove passageiros.

No mercado, o frete de um voo dessa distância numa aeronave do gênero custa cerca de R$ 50 mil.

Ao longo da campanha presidencial, Lula também usou táxi aéreo para rodar o país. O PT informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a campanha do petista desembolsou R$ 2,68 milhões com despesas do tipo.

Quem prestou o serviço foi a mesma empresa contratada nessa semana, a Millennium, sediada em Manaus. Ela também já alugou aeronaves ao Ministério da

Saúde, pelos quais recebeu R$ 2,1 milhões, para que servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) prestem atendimentos em áreas indígenas, muitas vezes isoladas.

VIAGEM AO EXTERIOR

No dia 14 de novembro, Lula embarcou na aeronave de Seripieri para participar da cúpula do clima, a COP-27, no Egito. A notícia gerou desgastes à imagem do petista. A viagem levantou questões éticas sobre as motivações do empresário com o gesto. Na ocasião, aliados do presidente eleito tentaram minimizar a polêmica, afirmando que ele pegou uma carona com Seripieri,

que também esteve na conferência climática da ONU.

Após quatro dias em silêncio sobre o assunto, Lula tratou do tema quando já estava em Portugal, para outra agenda. Na ocasião, afirmou que usou o jatinho de um empresário amigo e doador de sua campanha porque o governo brasileiro não ofereceu um avião da Força Aérea Brasileira (FAB); por razões de segurança; e porque quem o convidou para ir ao Egito — os governadores dos estados da Amazônia e o presidente daquele país — não pagaria sua despesa.

— Eu tinha um amigo que ia na COP e que tinha um avião, e eu fui com ele. Se o Estado brasileiro fosse democrático e a gente tivesse um presidente responsável, quem sabe ele tivesse oferecido um avião da FAB para me levar — afirmou Lula na época, acrescentando que, se Seripieri concordasse, usaria de novo o avião, caso fosse necessário, antes de tomar posse.

CASA DE PRAIA

Empresário do ramo da saúde, Seripieri é amigo de Lula há pelo menos uma década. Ele foi um dos convidados para o casamento do presidente, em maio, e costumava ceder a ele sua casa de veraneio em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio.

Em junho de 2020, Seripieri chegou a ser preso em uma operação da Polícia Federal que apurava supostos pagamentos ilícitos à campanha do senador José Serra (PSDB-SP), que sempre negou as acusações. Ele foi solto quatro dias depois, começou a colaborar com a Justiça e fechou um acordo de colaboração premiada com o procurador-geral da República, Augusto Aras. Na delação, ele se comprometeu a pagar uma multa de R$ 200 milhões.

Política

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2022-11-30T08:00:00.0000000Z

2022-11-30T08:00:00.0000000Z

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