Infoglobo

Alerta nos EUA com ameaça nuclear de Putin é crescente

Governo não detectou movimentação de ogivas, mas teme o que líder russo possa fazer se ficar encurralado na Ucrânia

DAVID SANGER, ANTON TROIANOVSKI E JULIAN BARNES Do

Pela primeira vez desde a Crise dos Mísseis em Cuba, em outubro de 1962, lideranças do governo russo estão fazendo ameaças nucleares explícitas, e autoridades em Washington tentam decifrar em quais cenários o presidente Vladimir Putin poderia usar uma arma nuclear tática para compensar os fracassos de suas tropas na Ucrânia.

Em discurso na sexta-feira, Putin reiterou tal hipótese, ao acu saros EUA e seus aliados da Otan de buscarem o colapso da Rússia e afirmar novamente que usaria “todos os meios disponíveis” para defender o território do país —que ele declarou que, a partir de agora, inclui quatro províncias da Ucrânia. Putin relembrou ao mundo a decisão do presidente americano Harry Truman de lançar bombas atômicas contra Hiroshima e Nagasaki há 77 anos, afirmando que “dessa forma, eles abriram um precedente”.

Autoridades nos EUA dizem que as chances de Putin usar uma arma nuclear ainda são baixas. Afirmam que não viram evidências de movimentações em seu arsenal, e uma análise do Pentágono sugere que os benefícios militares seriam poucos. E o custo para Puti n—uma resposta internacional furiosa, talvez até dos chineses —deve ser enorme.

Mas eles estão mais preocupados com essa possibilidade agora doque estavam no início do conflito, em fevereiro. Depois de uma série de retiradas humilhantes, um grande número de baixas e uma decisão impopular de convocar homens jovens para o Exército, Putin claramente vê a ameaça nuclear como uma forma de causar medo, e talvez recuperar algum respeito pela força da Rússia.

Mais importante, ele pode considerara ameaça de usar parte de seu arsenal de cerca de 2 mil armas atômicas táticas para obter concessões que não conseguiu no campo de batalha. Tais armas envolvem ogivas menores e menos poderosas doque aquelas dos mísseis intercontinentais, que podem destruir cida desinteiras. Algumas sã otão pequenas que podem ser instaladas em projéteis de artilharia, mas têm capacidade de devastar e contaminar áreas menores.

RUSSOS VEEM VANTAGEM

Alguns analistas militares russossu geriram detonar uma arm atáticas obre algum lugar remoto, como o Mar Negro, como for made demonstra resse poder, ou talvez contra uma base militar ucraniana.

—Isso não é um blefe —disse Putin no mês passado, em um lembrete de que lançar um primeiro ataque com armas nucleares é parte integrante da doutrina militar russa.

Há oito dias, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que o uso de qualquer arma nuclear teria “consequências catastróficas” para a Rússia. Integrantes do governo sugeriram que as opções incluem desconectara Rússia da economia mundial ou algum tipo de resposta militar — apesar de que essa resposta provavelmente seria dada pelos ucranianos com armas convencionais fornecidas pelo Ocidente.

Do lado russo, analistas e autoridades veem o espectro de um conflito nuclear como algo vantajoso. Uma vez que o resultado da guerra na Ucrânia é de importância existencial para o Kremlin, mas não para a Casa Branca, dizem, os russos parecem acreditar que teriam alguma vantagem no teste de vontades que o uso de armas nucleares representaria.

Dmitry Medvedev, expresidente e vice-presidente do Conselho de Segurança russo, expôs essa tese na semana passada, no Telegram. Se a Rússia usar armas nucleares contra a Ucrânia, alegou, uma intervenção militar da Otan seria improvável por causa do risco de que um ataque direto à Rússia levasse a uma guerra nuclear total. “Demagogos do outro lado do Atlântico e europeus não vão arriscar um apocalipse nuclear”, escreveu. “Dessa forma, vão engolir o uso de qualquer arma no atual conflito.”

O PIOR CENÁRIO

O governo americano vem estudando os passos que Putin daria para mudar apercepção de que está perdendo aguerra. Coma anexação dos territórios ucranianos, a preocupação aumentou. Caso a Ucrânia consolide seus sucessos, e Putin enfrente uma derrota humilhante, autoridades americanas temem que considere usar uma arma nuclear.

—Estamos em uma situação na qual a superioridade de recursos e armas convencionais está do lado do Ocidente — afirmou Vasily Kashin, especialista em questões militares e políticas na Escola Superior de Economia, em Moscou. — O poder da Rússia está baseado em seu arsenal nuclear.

O problema para Putin é como obter vantagens de suas ogivas atômicas sem usá-las.

— A possibilidade de Putin atacar do nada parece bemba ixa—afirmou Graham Allison, autor de um livro clássico sobre a Crise dos Mísseis em Cuba. — Mas como John Kennedy disse naquela época, o cenário mais plausível é aquele no qual o líder será forçado a escolher entre uma humilhação catastrófica e jogar um dado e talvez ter algum sucesso.

Allison acredita que Putin não se verá diante dessa escolha amenos que a Ucrânia consiga expulsar as forças russas das áreas anexadas. Por isso, as próximas semanas podem ser muito perigosas, dizem autoridades ocidentais.

Mundo

pt-br

2022-10-03T07:00:00.0000000Z

2022-10-03T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/282192244871858

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.