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VALE TUDO PARA VENDER TV NA COPA

Varejo e fabricantes apostam em parcelamento e promoções

BRUNO ROSA E CAROLINA NALIN economia@oglobo.com.br

Para muita gente, já virou tradição: ano de Copa do Mundoéan ode equipar acasa com televisão nova, de preferência maior e mais moderna do que a anterior. Mesmo com a per dado poder de comprado brasileiro, que viu sua renda cai reaumentara informalidade, a conjunção entre Copa e Black Friday —a estreia da seleção de Neymar e companhia contra a Sérvia, dia 24 de novembro, será na véspera da Black Friday — está deixando o comércio otimista.

Mas neste momento em que os juros em patamar elevado aumentam as restrições de crédito, é preciso criatividade para atrair o consumidor. Por isso, fabricantes de eletroeletrônico se o varejo resolveram unir forças.

Deu ml ado, grandes lojas estão oferecendo parcelamentosde até 30 meses para modelos específicos no tradicional carnê e promoções variadas envolvendo os gols da seleção brasileira, como crédito direto na conta via Pix, cashback na compra de outros itens, sorteios e entrega do modelo velho. De outro, alguns fabricantes estão ampliando o prazo de pagamento das redes de varejo.

SÓ 2% DE ALTA NAS VENDAS

O objetivo é tentar alavancar asvendasnumadataqueécrucialparaosetor.Mesmosendo ano de Copa, a estimativa da consultoria GFK é que o segmento feche 2022 com alta de só 2% no volume de vendas. Por isso, as próximas semanas serão estratégicas:

—Verificamos que o consumidor vai comprar sua TV 45 dias antes do início da Copa do Mundo. O início deste ano começou com vendas em queda, e estamos vendo hoje muitas iniciativas entre indústria e varejo, como o carnê, que agora é digital, para estimular a demanda. Tenho visto ainda TVs sendo vendidas em programas de milhagem — disse Fernando Baialuna, diretor de varejo e negócios da GFK.

A GFK prevê que a Copa do Mundo e a Black Friday sejam responsáveis pela venda de cerca de 1 milhão de unidades de TVs. Em todo o ano passado, foram vendidos 9,4 milhões de aparelhos de TV.

Na Samsung, líder no setor no Brasil, a aposta é estimular os televisores de telas maiores. No primeiro semestre deste ano, os modelos acima de 65 polegadas responderam por 14% das vendas, número que deve subir para 20% nesse fim de ano, espera a companhia. Para Gustavo Assunção, executivo que comanda a divisão de eletrônicos de consumo da Samsung Brasil, um dos principais pilares é estreitar a parceria com o varejo:

— Serão feitas ações específicas com redes de varejo nacionais e regionais por todo o Brasil. Além da oferta de preços, o varejo deve desenvolver ações de cashback e troca de TV antiga. Isso acontece porque o consumidor está mais endividado, e os bancos ficaram mais seletivos.

A empresa aposta em seu próprio cartão de crédito, que permite parcelar em até 24 vezes, e em modelos mais sofisticados com tecnologia Neo Qled, que promete mais brilho e contraste.

— Vamos criar ainda uma ferram entapara facilitara pesquisado consumidor. Ai deiaé que ele vá na loja já sabendo o modelo ideal. Uma dica para quem vai compra ré a TV com alto nível de brilho, já que muitos jogos serão transmitidos pela parte da manhã. Esperamos alta de dois dígitos nas vendas —completa Assunção.

A LG também prevê alta de dois dígitos nas vendas com estratégias junto ao varejo, como atransferênci avia Pix,a cada gol do Brasil, para consumidores que comprarem determinado modelo de TV. A iniciativafoi testada, em parceria com as Casas Bahia, em uma misto soda seleção.

—Pensamos ainda em descontos e sorteios diversos. Há ofertas sendo pensadas já com ações em outubro. Coma dificuldade de acessoa o crédito, o carnê do varejo tem ajudado o consumidor — explica Igor Krauniski, gerente-sênior de Produtos TV da LG do Brasil. —Fizemos ações com o Carrefour, por exemplo, para parcelar até 30 vezes. São ações para fazer o produto caber no bolso.

Oobjetivoé fortalecera venda de modelos acima de 65 polegadas e com tecnologia Oled (que promete mais brilho e cores mais realistas).

—A Copa de 2010 foi a virada para as TVs de LCD e LED. Em 2014, atela fina. Em 2018, o 4K. E em 2022 serão as telas grandes com maior especificação—aposta Krauniski.

Na Multi, dona da marca Toshiba no Brasil, que é uma das patrocinadoras globais da Copa do Mundo, a aposta é em modelos mais sofisticados, com tamanhos entre 50 e 75 polegadas e imagem em 4K, para aumentar as vendas.

— Estamos apostando em parcerias fortes com o varejo. Para isso, temos ampliado o prazo de pagamento do varejo conosco. Mas cada caso é um caso. Nossa estratégia envolve ainda sorteio para levar consumidores que comprarem modelos 4K à final da Copa. —diz Fernando Nogueira, diretor da área de telas da empresa. —

Estamos otimistas com as vendas e aumentamos a produção de nossos produtos em Manaus para atender à demanda.

TELAS GRANDES

Na Fast Shop, a estratégia para esta edição vai além da alavancagem de venda dos televisores maiores, que historicamente costumam ser mais procurados em ano de Copa do Mundo. Isso porque o evento acontecerá em meio à Black Friday, portanto, o planejamento envolve todas as categorias de produtos, conta o diretor geral de operações da rede, Eduardo Salem.

E pensando nas pessoas que pretendem assistir aos jogos em casa, a rede lançou a campanha “Estádio em casa”, apostando não só na venda de produtos conectados que compõem a chamada “casa inteligente”, como smartTV de 60 polegadas ou mais, assistente virtual e soundbar, como também eletroportáteis e utensílios domésticos.

—Existe uma oportunidade muito forte para outros produtos como cervejeira, utensílios para churrasco, caixas de som, sofá confortável para assistir aos jogos, e mui tomais. O objetivo éle vara emoção e a adrenalina dos estádios para dentro da casa dos consumidores —diz Salem.

A varejista se preparou para ativar propagandas na TV a partir da segunda semana de outubro, além de ações com influenciadores, promoções e descontos exclusivos para os clientes do programa de rela ciona mentoFastP rime.

No Magazine Luiza, uma das principais apostas é na categoria de televisores, sobretudo os modelos a partir de 65 polegadas. Julio Cesar Trajano, diretor de marketing do Maga lu, conta que a varejista desenvolveu um modelo exclusivo da marca Vizzion, em parceria com fabricantes da Coreia do Sul, voltado para o perfil do brasileiro, pensando em custo-benefício. A ideia é combinar alta qualidade de imagem e som com preço que caiba no bolso em tempos de orçamento apertado das famílias.

INFLUÊNCIA DO 5G

Outr agrande apostada vare jis taéoau mentonas vendas de celulares, uma vez que a Copa do Mundo ocorrerá após achega dado 5 G nas capitais brasileiras, além de camisas e bolas oficiais em mais de 200 lojas físicas.

—Tema história do consumidor utilizar duas telas( TV e celular ao mesmo tempo), e a gente acredita muito na tendência dos “reacts” dos jogos (vídeos em que pessoas reagem ao conteúdo de terceiros). O mercado geral de TV está estimando venda de 3,4 milhões de unidades de outubro a dezembro, uma previsão decrescimento de 30%. Nosso desenhoé crescer 60% nesse período, ou seja, ganhar bastante participação no mercado—afirma Trajano.

Na Netshoes, e-commerce esportivo do grupo, já foram vendidas mais de 12 mil bolas oficiais. A partir de sexta-feira, começam a ser veiculadas propagandas das em canais de esporte com estrelas do futebol brasileiro como a ex-jogadora Formiga e o ex-Flamengo e jogador da seleção Paquetá, além de influenciadores digitais com grande presença no TikTok, uma das redes sociais de grande aposta da companhia para engajamento.

Nas Americanas, o foco é nos televisores maiores( superiores a 60 polegadas) e com tecnologias 4K e 8K. A varejista lançou uma campanha na TV enas redes sociais como narrador Galvão Bueno cujo slogan é “Haja televisão”, que inclui ofertas de televisores e produtos de mercado, além de eletrônicos, utilidades domésticas e móveis.

Enquanto a Copa não chega, a varejista se concentra na promoção que sorteia uma TV gigante por dia até o fim de novembro para quem comprar uma televisão de qualquer modelo.

—Existem vários movimentos de demanda, mas o principal dele sé a população em geral já preparando a residência para ver os jogos, buscando uma TV maior. Entre os dias 15 e 19 de setembro, tivemos um aumento de 80% no tráfego na categoria de áudio e vídeo, em comparação com o mesmo período do mês passado — conta Vitor Monte, gerente de marketing da Americanas.

Em tempos de inflação alta e orçamento apertado, a rede também prevê condições atrativas para diferentes tipos de televisores. Alguns modelos ganham mais cashback ou descontos no Pix, enquanto outros têm melhor condição de parcelamento. A venda de

snacks também é uma aposta. Já a Coca Cola investiu em uma série de promoções. Uma delas foi a “Magia de torcer”. Outra iniciativa, ainda em vigor,éa parceria coma Pani ni, que trouxe nesta edição do álbum da Copa uma página da marca, co moito adesivos extras. Para participar, o consumidor precisa comprar produtos sem açúcar da marca de bebidas que tenha um rótulo com o selo Panini.

“O consumidor vai comprar 45 dias antes do início da Copa. Há muitas iniciativas entre indústria e varejo, como o carnê, e TVs sendo vendidas em programas de milhagem” _

Fernando Baialuna, diretor de varejo e negócios da GFK

“O consumidor está mais endividado, e os bancos ficaram mais seletivos” _

Gustavo Assunção, executivo da Samsung Brasil

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