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Bolsonarismo ganha força nos estados e no Congresso

NATÁLIA PORTINARI, EDUARDO GONÇALVES E BRUNO GÓES politica@oglobo.com.br BRASÍLIA

O mapa eleitoral definido ontem mostrou aforçadobolso na ris mo, coma eleição de aliados do presidente em todo o país, de governos dos estados ao Congresso Nacional. Das 27 vagas que estavam em disputa no Senado ,14 serão preenchidas por candidatos apoiados porBol sonar o, entre eles cinco ex-ministros de seu governo. Na Câmara, oPL, partido do presidente, caminha paras e tornaram aiorban cada.

Aforte polarização na eleição presidencial, marcada por uma margem estreita de vantagem do ex-presidente Lula (PT) sobre o atual ocupante do cargo, Jair Bolsonaro (PL), se refletiu nos resultados da nova Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo em que o PL caminha para se tornar a maior bancada, turbinado por nomes alinhados ao bolsonarismo radical, a esquerda teve resultados expressivos, como o de Guilherme Boulos (SP), o mais votado em São Paulo —minorias também serão representadas, já que o país elegeu pela primeira vez deputadas federais trans.

Até o início desta madrugada, a totalização de votos ainda estava em andamento pelo país, impossibilitando a definição de todo o quadro dos 513 parlamentares. No Rio, onde o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já havia divulgado a lista, o PL elegeu 11 dos 46 deputados.

Enquanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apesar de eleito, não conseguiu repetir o desempenho de 2018 —teve 1,1 milhão de votos a menos que há quatro anos —, outros nomes da ala mais radical conquistaram resultados relevantes. oEntre os candidatos investigados por incitar atos antidemocráticos, o líder caminhoneiro Zé Trovão (PL) foi eleito para deputado federal por Santa Catarina com 71.140 votos. Candidato à reeleição pelo Rio de Janeiro, Otoni de Paula (MDB) também obteve vitória com cerca de 158 mil votos — ele foi denunciado a por conta de ações contra a democracia.

RECORDE EM MINAS

Nikolas Ferreira (PL-MG), vereador bolsonarista em Belo Horizonte, foi eleito com 1,4 milhão de votos — a maior votação ontem de um deputado no país e o recorde da história de Minas Gerais. Ele ficou conhecido por críticas às medidas de combate à pandemia nos últimos dois anos, discurso alinhado a pautas conservadoras e a favor do porte de armas. Em 2021, ficou famoso por ter sido impedido de embarcar no Trem do Corcovado para visitar o Cristo Redentor durante visita ao Rio, momento que compartilhou nas redes sociais.

Outra deputada que se notabilizou por ser uma das líderes mais radicais do bolsonarismo, Carla Zambelli (PL-SP), viu sua votação crescer de 76 mil em 2018 para 950 mil votos neste domingo.

Do lado da esquerda, nomes tradicionais, como Ivan Valente (PT-SP) ficaram fora. Mas, ao mesmo tempo, o Brasil ganhou as primeiras deputadas federais transexuais. Erika Hilton (PSOL-SP), Duda Salabert (PDT-MG) e Roybeyoncé (PSOL-PE), que atualmente ocupam cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo, Belo Horizonte e Pernambuco, respectivamente, foram eleitas para representar os respectivos estados em Brasília a partir de 2023. Já o segundo deputado mais votado do país foi Guilherme Boulos (PSOL), que liderou a apuração em São Paulo com um milhão de votos —ele é ligado ao movimento dos sem-teto.

Além disso, São Paulo elegeu Sônia Guajajara (PSOL), com 157 mil votos, na primeira vez em que o maior estado do país elegeu uma indígena. O PT também comemorou a eleição de Dandara (96 mil votos) como primeira deputada federal preta por Minas. E os mineiros também enviarão ao Congresso Ariãtã, primeira deputada indígena do estado.

FORA DO BAILE

Nomes de expressão do Congresso Nacional não conseguiram se eleger no pleito deste ano.

Do Senado, foram derrotados Katia Abreu (PP-TO), que tentou a reeleição; Zequinha Marinho (PL-PA), que tentou o governo do Pará; e Lasier Martins (Podemos-RS), que disputou uma vaga na Câmara.

Da Câmara dos Deputados, ficou de fora a deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP), que tentou a reeleição. Em 2018, ela foi a segunda mais votada com mais de 1 milhão de votos.

Líderes da oposição na Câmara também não tiveram bom resultado —Marcelo Freixo (PSB-RJ) perdeu a disputa ao governo do Rio de Janeiro; e Alessandro Molon (PSB-RJ) a do Senado.

A eleição deste ano para deputados e senadores é uma das mais importantes desde a redemocratização. Isso porque o Legislativo se empoderou de forma inédita durante o governo Jair Bolsonaro. Com o orçamento secreto, os parlamentares passaram a indicar mais verba para as bases eleitorais e estabeleceram uma nova relação com o Poder Executivo.

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