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43%

Bolsonaro. O presidente ao votar pela manhã na Vila Militar, na Zona Oeste do Rio. Seu desempenho em Minas e São Paulo surpreendeu

trar frustração, Lula classificou o segundo turno como “uma prorrogação”. O petista já começou a negociar adesões. Bolsonaro afirmou que buscará o apoio de governadores eleitos ou reeleitos ontem, como Romeu Zema (Novo), de Minas. Terceira colocada, a senadora

Simone Tebet (MDB), que teve 4,2%, cobrou das cúpulas dos partidos que a apoiaram uma decisão rápida e avisou: “Não esperem de mim a omissão”. Ciro Gomes (PDT), que encerrou sua quarta campanha presidencial com 3% dos votos válidos, disse estar “profundamente preocupado” com a situação do país e pediu “algumas horas” para consultar líderes do partido.

Aeleição presidencial será definida pela sexta vez seguida no segundo turno. O ex-presidente Lula (PT) ficou em primeiro lugar com 48,4% dos votos válidos, mas foi surpreendido por um avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL) não detectado pelas pesquisas de intenções de votos na véspera da disputa. Bolsonaro teve 43,2% dos votos válidos, desempenho que coincidiu com a eleição de diversos aliados para governos estaduais, Câmara dos Deputados e Senado. O placar é o mais apertado para um primeiro turno das eleições presidenciais desde 1989.

A votação em números absolutos expõe a força das duas lideranças, que protagonizaram uma disputa inédita no país entre um ex-presidente da República e um presidente em exercício. Se por um lado Lula teve performance muito acima do exprefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), no primeiro turno da eleição de 2018 (57,2 milhões de votos contra 31,3 milhões de votos, respectivamente), Bolsonaro conquistou mais eleitores do que há quatro anos. Na disputa em que ainda era filiado ao PSL, o então candidato recebeu 49,2 milhões de votos — desta vez, o presidente teve 51 milhões.

Enquanto Sule Centro-Oeste tiveram maioria bolso na ri sta, e Norte e Nordeste foram lulistas, o fator inesperado do resultado deu-se no Sudeste. O presidente triunfou em São Paulo e Rio contra Lula (47% contra 40%, e 51% contra 40%, respectivamente), e encurtou a distância em Minas (Lu lateve 48%, contra 43% do chefe do Executivo), na comparação com as pesquisas.

A polarização entre Lula e Bolsonaro impactou o resultado de outros adversários. Embora tenha ultrapassado Ciro G om es( PDT) ef eito uma campanha que lhe deu projeção nacional, Simone Tebet, do MDB, teve o pior resultado percentual de um terceiro colocado (4,1% dos votosválidos) nas eleições desde a redemocratização, em 1989 —marca, até então, de Heloísa Helena, do PSOL, com 6,9% dos votos, em 2006.

Na sua quarta disputa presidencial, Ciro saiu das urnas menor do que entrou. Com 3,05% dos votos, ficou muito distante de resultados em 2018 (12,4%), 2002 (11,9%) e 1998 (10,9%).

Preocupação da campanha de Lula na reta final, a abstenção não surpreendeu e somou 20,9% do eleitorado. Embora seja o maior índice desde 1998, o percentual ficou em patamares próximos ao da eleição passada.

FORÇA DO BOLSONARISMO

Assim como em 2018, o bolsonarismo mais uma vez cresce no Congresso Nacional. No Senado, 14 dos 27 eleitos são ligados ao presidente — entre eles, os exministros Marcos Pontes, Teresa Cristina e Damares Alves. Na Câmara, o PL tornou-se a maior bancada.

Nos estados, dos 19 governadores que se candidataram à reeleição, 11 venceram já no primeiro turno. Nesse grupo, estão Romeu Zema (Novo), eleito em Minas Gerais com 56,2% dos votos, e Ratinho Junior (PSD), que teve o apoio 69,6% do eleitorado paranaense que foi às urnas.

Candidatos bem colocados nas pesquisas, ACM Neto (União) e Eduardo Leite (PSDB) quase foram derrotados ontem e só tiveram sua participação em um segundo turno definida nos momentos finais. O primeiro somou 40,9% dos votos dos baianos e ficou perto de ser vencido já no primeiro turno por Jerônimo Rodrigues (PT), aliado de Lula, que chegou perto de ter apoio da maioria dos votantes. Na disputa gaúcha, Leite teve pouco mais de 2 mil votos a mais que Edegar Pretto (PT) e vai disputar o segundo turno contra o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL).

No Rio, outro governador reeleito foi Cláudio Castro (PL). Vice de Wilson Witzel em 2018 e até então menos conhecido que seus rivais, Castro assumiu o comando do estado após o impeachment do antigo aliado e terminou a eleição de ontem eleito com 58% dos votos válidos, em uma vitória folgada sobre Marcelo Freixo (PSB).

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro, ficou em primeiro lugar, com 42,3% dos votos, e vai enfrentar Fernando Haddad (PT), que teve 35,7% dos votos, no dia 30 de outubro. O resultado impõe uma derrota ao PSDB, partido que governou o estado nos últimos 30 anos e não conseguiu levar seu candidato, Rodrigo Garcia, ao segundo turno.

No Paraná, as vitórias de Sergio Moro (União) para o Senado e de Deltan Dallagnol (Podemos) para a Câmara deram novo fôlego à agenda da Lava-Jato. Com a anulação de condenações, a operação sofreu revezes nos últimos anos.

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