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Há chance de reeleição

THOMAS TRAUMANN timing Thomas Traumann é jornalista e pesquisador da FGV/DAPP

Os perto de 6 milhões de votos de vantagem do ex-presidente Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro na votação deste domingo apontam para um segundo turno renhido. Nunca houve viradas nas seis disputas presidenciais que for ampara o segundo turno, masa distância menor que as projeções das empresas de pesquisa impede uma afirmação categórica.

Das 108 ocasiões desde 1998 em que as disputas para governador foram para tirateimas, o candidato que chegou na frente foi o vencedor em 77. Das 31 viradas, 17 ocorreram quando os dois candidatos terminaram amenos de cinco pontos percentuais dos votos um do outro. Somente em cinco casos ocorreram viradas com uma diferença acima de dez pontos percentuais.

OédeBol sonar o,qu evenceu em 13 estados, incluindo São Paulo, R iode Janeiro e toda a região Sule Centro-Oeste, contrariando não apenas as empresas de pesquisa, mas até seus próprios líderes no Congresso que quase o abandonaram no meio da disputa. A possibilidade de reeleição de Bolsonaro, tratada com desdém desde a desastrosa gestão na pandemia de Covid-19, tornou-se real.

Bolsonaro chegou aos 50 milhões de votos sem firmar um compromisso de campanha para além de um genérico “mais do mesmo” sobre oquem vem fazendo no governo.Considerado há meses um caso perdido pelos agentes econômicos, e lenão recebeu nenhuma cobranças obres euspl anos, seé que eles existiam. Assim co moem 2018, a campanha de Bolsonaro foi um misto de antipetismo e voluntarismo messiânico. Deu mais certo do que os próprios bolsonaristas esperavam.

Dadaapolarização entre os dois lados, é natural esperar que as próximas semanas sejam tensas. Depois do debate na TVGlobonasemana passada, é impossível imaginar que um encontro público entre Bolsonaro e Lula seja civilizado.

O segundo turno serve para impor realismo à campanha do PT. Estrategicamente, o campo lulista hesitou em apresentar detalhes de seu programa econômico, uma forma de ter espaço para futuras negociações. Para todas as perguntas delicadas, Lula tinha como resposta pronta a frase de que seus governos anteriores eram garantia suficiente sobre suas intenções.

Lula supôs que, ao trazer o ex-adversário Geraldo Alckmin como candidato a vice, daria um sinal suficiente para atrair o voto moderado, especialmente no Estado de São Paulo, onde o PT só venceu as eleições de 2002. Não foi o suficiente.

O PT também sofrerá com um Congresso eleito nitidamente bolsonarista, que trabalhará contra a eleição de Lula sem ter apressão de buscar votos para si mesmo. Mesmo que vença em 30 de outubro, Lula terá uma Câmara dos Deputados muito menos ansiosa por negociar com ele do que quando foi elei toem 2002 e 2006.

Adinâmica do segundo turno, portanto, será de um Bolso na roa inda mais agressivo e de um Lula pressionado a buscar votos no centro enac entro-direita para vencer. É um cenário com que o PT não trabalhava. Detalhes do programa econômico que o comando lulista imaginava poder adiar para novembro ou dezembro terão de ser debatidos e revelados em poucas semanas.

Não haverá lua de mel. Lula inicia a campanha do segundo turno sob apressão de precisar ceder mais doque gostaria e antes doque imaginava.

A possibilidade de reeleição de Bolsonaro, tratada com desdém desde a desastrosa gestão na pandemia, tornou-se real

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2022-10-03T07:00:00.0000000Z

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