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Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad vão decidir o governo em São Paulo

GUSTAVO SCHMITT, GUILHERME CAETANO, IVAN MARTÍNEZ-VARGAS politica@oglobo.com.br

Com 42,3% dos votos válidos, Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputará o segundo turno em SP com Fernando Haddad (PT), que teve 35,7%. O terceiro lugar de Rodrigo Garcia encerrou o domínio de 28 anos do PSDB no estado, seu principal reduto.

Aeleição ao governo de São Paulo refletiu a polarização nacional, mas trouxe no resultado final do primeiro turno uma mudança no que vinha sendo apontado pelas pesquisas de intenção de voto. O ex-ministro bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT) disputarão o segundo turno da corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.

Ao longo de toda a primeira etapa da disputa, Haddad liderou as pesquisas. Mas com 100% dos votos apurados, Tarcísio de Freitas alcançou 42,32% da preferência dos eleitores paulistas, contra 35,7% de seu adversário petista.

Assim que o cenário para o segundo turno foi confirmado, o candidato do PT afirmou que deve ir agora atrás do voto de “potenciais aliados”, em referência ao eleitor que votou no governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ontem.

— Temos aí um segundo turno para falar com aliados potenciais — disse Haddad, em coletiva de imprensa.

O petista reconheceu que o resultado das urnas ficou “um pouco menos do que planejávamos”, mas afirmou que aposta na parceria com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para vencer a disputa pelo comando do maior estado do país.

Haddad acredita que tanto ele quanto Lula poderão se beneficiar dos votos dados aos candidatos à presidência Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e ao atual governador paulista.

Tarcísio de Freitas também deixou claro que vai disputar diretamente com o petista os votos dados ao candidato do PSDB no primeiro turno.

— Seria uma ingenuidade achar que a gente vai ficar parado e ver os votos (de Garcia) migrarem (para Haddad) — disse o exministro a jornalistas depois da divulgação do resultado das urnas.

O candidato do Republicanos afirmou que vai buscar para o segundo turno conversar com prefeitos do interior e com partidos da aliança do governador Rodrigo Garcia (PSDB), inclusive com o próprio tucano.

Tarcísio comemorou o fato de ter passado ao segundo turno à frente de Fernando Haddad e de Garcia, diferentemente do que apontavam as pesquisas de intenção de voto. Ele avaliou que o eleitorado pode tê-lo escolhido como candidato nas últimas horas.

—Sempre tivemos confiança nos nossos números —afirmou.

Tarcísio também comemorou a vantagem de Jair Bolsonaro sobre o ex-presidente Lula em São Paulo.

—Ele (Bolsonaro) teve um resultado extraordinário aqui —disse o ex-ministro.

MAIS ATAQUES

Se o clima entre Haddad e Tarcísio foi quase amigável ao longo dos últimos 30 dias, agora a situação muda. Nas próximas semanas, as campanhas devem intensificar os ataques entre os nomes de Lula e Bolsonaro.

Durante o primeiro turno, os dois candidatos estavam empenhados em tirar o atual governador de São Paulo da disputa. Pelo peso da máquina e a cadeira ocupada, Haddad considerava Garcia um adversário mais difícil de ser batido. Tarcísio, por sua vez, brigava com o tucano na mesma raia.

Estrategistas políticos acreditavam que Haddad estava em vantagem na disputa, por ter sido candidato em 2018 e ser mais conhecido da população. Porém, apesar de ter Lula como principal alavanca de sua campanha, a história e características pessoais do petista impediram que ocorresse uma transferência total de votos do ex-presidente para seu candidato na corrida paulista, argumentam aliados.

Haddad teve papel central na construção que levou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para a chapa de Lula. Isso ajudou a tirar do seu caminho o extucano, que era líder das pesquisas antes do início efetivo da campanha e que poderia ser um candidato difícil de vencer depois de ter governado São Paulo por três mandatos.

Coube a Lula convencer Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB) a também abandonarem a disputa estadual em favor de Haddad.

Do outro lado, tratado como “forasteiro” por ser carioca, Tarcísio de Freitas enfrentou o desconhecimento entre o eleitorado paulista. Seu crescimento nas pesquisas está diretamente relacionado à transferência de votos do presidente Bolsonaro, que o escolheu para representá-lo na disputa estadual.

Ele chegou a passar constrangimento por não saber o seu local de votação durante uma entrevista, mas procurou compensar as críticas ao decorar os problemas dos principais bairros da capital paulista.

Tarcísio começou a campanha com acenos ao centro e procurou se mostrar mais moderado que Bolsonaro. No entanto, ao perceber o acirramento da disputa com Garcia, o ex-ministro adotou a retórica ideológica do bolsonarismo. O movimento coincidiu com seu crescimento nas pesquisas e, segundo seus aliados, foi o principal motivo de sua chegada ao segundo turno.

Já Rodrigo Garcia, embora seja o atual governador do estado, assumiu o cargo apenas após a renúncia do ex-mandatário João Doria, em março, para disputar a Presidência pelo PSDB. No entanto, após embates com alas internas da sigla, mesmo tendo sido escolhido como candidato oficial da legenda, Doria desistiu da candidatura.

A derrota de Garcia nas urnas põe fim ao domínio do PSDB em São Paulo por praticamente 28 anos.

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