Infoglobo

Governador Cláudio Castro é reeleito

GABRIEL SABÓIA, JAN NIKLAS E RAFAEL GALDO email@oglobo.com.br

Cláudio Castro( P L) foi reeleito governador do Rio com 58,6% dos votos válidos. Ele superou Marcelo Freixo( PS B ), que obteve 27,3%. Castro, que contou coma adesão de 14 partidos e amplo apoio dos prefeitos do estado, governará com maioria na Alerj. Após a vitória, ele conclamou por um “pacto” político.

A“onda”, conforme o próprio governador do Rio, Cláudio Castro (PL), chamou na propaganda eleitoral seu crescimento nas pesquisas, acabou confirmada na abertura das urnas ontem. Com 58,67% dos votos válidos, ele garantiu a reeleição para um mandato de desafios, como o cumprimento do controle dos gastos previsto no Regime de Recuperação Fiscal, em equilíbrio com a realização de investimentos que são imperativos para a população fluminense. Com a vitória em 91 dos 92 municípios do estado, ele afastou a necessidade de um segundo turno — cenário que ainda era incerto antes do pleito — e derrotou Marcelo Freixo (PSB), que terminou com 27,38% dos votos. Em terceiro, ficou Rodrigo Neves (PDT), com 8% e, em quarto, Paulo Ganime (Novo), com 5,31%.

Esse quadro se desenhou apesar de, ao longo da campanha, Castro ter enfrentado obstáculos como o escândalo da folha secreta do Ceperj, do qual o governador tratou de descolar sua imagem, e uma mudança de última hora de seu vice, quando Thiago Pampolha (União) substituiu Washington Reis (MDB), indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do

Rio (TRE-RJ). Mas, com a máquina sob seu comando e com os cofres públicos turbinados por recursos da concessão da Cedae, ele investiu em obras e costurou apoios que o ajudaram a neutralizar a munição dos adversários.

—Fareiumgovernoquenão será de ataques. Em 1º de maio (de2021),quandoassumi,disse que era preciso um pacto pelo Rio. Vou repetir agora e convidar partidos que ficaram contra a gente para que façam parte conosco — reforçou ele no discurso da vitória.

Ex-vice que se tornou titular no Palácio Guanabara após o impeachment de Wilson Witzel, Castro era conhecido por apenas 11% dos fluminenses logo após ascender em definitivo ao poder. No entanto, além de uma coligação de 13 partidos, o governador obteve a adesão de ampla maioria dos prefeitos, assim como de famílias tradicionais na política fluminense (Cabral, Picciani, Garotinho e Cunha, por exemplo), pavimentando seu caminho para crescer nas pesquisas.

Agora, com a reeleição garantida, ele diz que pretende rever a política de distribuição de cargos no primeiro escalão do governo no próximo mandato. E reafirma que acredita na coalizão:

— Temos uma política de resultados. Não tenho compromisso com ninguém, com partidos. Vamos olhar os nomes e acho que o Rio precisa de uma reforma administrativa. Precisamos reduzir o tamanho do estado. Estamos em um novo momento, com uma nova Assembleia (Legislativa). Assim, teremos um Rio mais saudável —concluiu.

Já em âmbito nacional, enquanto formou palanque com o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu correligionário, também animou uma corrente Castro-Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesse cenário, após vencer nas urnas, o governador diz que não poupará esforços e pedirá votos para Bolsonaro (PL). Mas diz que não participará para ataques contra Lula.

—Pedirei votos todos os dias para reeleger o Bolsonaro. Tenho lealdade. Acredito no projeto dele. Mas o meu perfil é de pedir votos sem falar mal de ninguém. Fiz uma campanha sem ofender outro candidato. Eu respeito as trajetórias das pessoas e seguirei fazendo isso. Bolsonaro teve quase um milhão de votos a mais que Lula no Rio, provando que esse trabalho dá frutos. Mas não ofenderia ninguém —afirmou.

SEM AMEAÇAS

Na apuração de ontem, Castro nunca teve a liderança ameaçada. Sua vitória com mais margem veio de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense, onde atingiu 85,87% dos votos. O único município em que ele perdeu foi Niterói, na Região Metropolitana, que tinha seu ex-prefeito, Rodrigo Neves, na disputa. Na cidade, o pedetista teve cerca de dois mil votos a mais que o governador. Já na capital, Castro teve 49% do votos, contra 34,87% de Freixo, e só ficou atrás do pessebista em dez zonas eleitorais que tradicionalmentesãoredutosdaesquerda, como a 16ª ZE (Laranjeiras), onde Freixo obteve quase o dobro dos votos.

Para Freixo, por sua vez, o resultado foi uma lição para o campo da esquerda. Segundo ele, a votação expressiva de Castro se explica num contexto mais amplo, que aponta para uma resiliência da extrema-direita no Brasil.

— Todos nós erramos. É uma grande lição. Não foram só os institutos que erraram. Todos nós erramos de enxergar um Brasil que jurávamos que não ia repetir 2018. Nenhum de nós imaginava que um projeto de extrema-direita tivesse ainda tanta força nesse país — disse Freixo após o resultado.

Seguindo nessa análise, o deputado destacou ainda que candidatos representantes do bolsonarismo surpreenderam com boas votações em todos os estados do país:

— Eu achava que o Bolsonaro poderia ser derrotado agora, mas o bolsonarismo permaneceria. Falei isso várias vezes. Mas claramente o bolsonarismo mostrou mais força do que nós imaginávamos.

Freixo disse ter ligado para Castro para cumprimentá-lo pela vitória. Ele disse ter desejado “boa sorte” e que jamais torcerá contra seu governo, apesar de enfatizar que seu campo fará oposição ao mandatário do PL.

Ele se mostrou ainda preocupadocomaeleiçãonacional e disse que vai dedicar para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo turno. Ele disse que já está procurando o grupo do outro rival derrotado, Rodrigo Neves, além do prefeito Eduardo Paes (PSD) e do Cidadania, para a formação de um frente ampla no Rio em prol do petista. Ainda segundo Freixo, sua guinada ao centro foi em resposta às mudanças políticas e sociais do Brasil nos últimos anos.

Primeira Página

pt-br

2022-10-03T07:00:00.0000000Z

2022-10-03T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/281565179646642

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.