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Presa, filha de marchand se nega a depor

Sabine Boghici, que teria chorado durante a noite que passou na delegacia, é acusada de ter deixado a mãe em cárcere privado e roubado obras de arte deixadas pelo pai; ela e outros três suspeitos foram levados para presídios em Benfica

RAFAEL NASCIMENTO DE SOUZA rafael.souza@oglobo.com.br

Presa na operação Sol Poente, sob a acusação de ter comandado um golpe aplicado na própria mãe, Sabine Coll Boghici, filha do marchand Jean Boghici, morto há sete anos, se recusou a prestar depoimento na Delegacia Especial de Atendimento a Pessoas Idosas (Deapti). Durante a noite, ela teria chorado muito na carceragem da unidade, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

Das quatro pessoas detidas anteontem, apenas Jacqueline Stanescos, de 52 anos, que se apresenta como cartomante, não ficou em silêncio. Ela negou ter atendido a mãe de Sabine e participado do esquema criminoso. Disse ainda que as joias encontradas em sua casa eram “presentes de amigos e parentes”, mas a polícia afirma que são da vítima.

LAND ROVER NA GARAGEM

Jaqueline é prima de Rosa Stanesco Nicolau, companheira de Sabine, que também foi presa, assim como o filho dela, Gabriel Nicolau Translavina Hafliger. Os quatro são acusados de ter enganado a viúva, de 82 anos, levando-a a fazer transferências num total de R$ 5 milhões para a quadrilha que prometia salvar Sabine de uma doença incurável. Além disso, 16 obras de arte — avaliadas em R$ 700 milhões —e joias foram retiradas do apartamento da idosa, e cinco delas vendidas pela filha.

Jaqueline contou à polícia que atua como “mãe de santo e cartomante” e que exerce a atividade em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e também em seu apartamento, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Ela disse ainda que não fala com a prima há mais de 15 anos e nunca viu a viúva de Jean Boghici.

Questionada sobre sua renda e se tinha condições de manter seu padrão devida, ela disseque recebe entre R $3 mile R $4 mil por mês. Na opinião dos investigadores, ela não teria como se manter no imóvel. Chamou a atenção dos policiais o Land Rover Freelander que ela tem na garagem.

Os quatro presos foram levados ontem para o Instituto Médico-Legal (IML) do Centro, onde fizeram exame de corpo de delito. Em seguida, as mulheres foram para o Instituto Penal Oscar Stevenson e Gabriel para a Cadeia Pública José Frederico Marques, ambos em Benfica, na Zona Norte do Rio. Na transferência, Rosa chorou. Eles devem passar hoje por audiência de custódia, na qual um juiz decidirá se vão continuar presos.

OBRAS RECUPERADAS

De acordo com a polícia, os quatro cometeram crimes de estelionato, roubo, extorsão, cárcere privado e associação criminosa. Ainda há dois foragidos: Slavko Vuletic e a filha dele, Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, irmã de Rosa. O advogado Mauro Fernandes, contratado pela idosa, afirmou que “não vai comentar o caso, pois a investigação segue”. Já a defesa de Sabine diz que existe uma briga judicial entre ela e a mãe pela herança de Jean Boghici.

A polícia recuperou no apartamento de Rosa, em Ipanema, 11 obras de arte, entre elas “Sol poente”, de Tarsila do Amaral, debaixo de uma cama. Sabine foi presa no endereço. Outras três telas foram devolvidas por um marchand de São Paulo que havia comprado cinco peças de Sabine. O material recuperado está sob os cuidados de um galerista de Copacabana.

RIO

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2022-08-12T07:00:00.0000000Z

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