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Economistas pedem que EUA devolvam fundos afegãos

Mais de 70 expoentes da área dizem em carta que bloqueio de reservas de US$ 7 bilhões agrava miséria no país da Ásia Central

WASHINGTON

Dezenas de economistas renomados pediram ontem que o governo dos Estados Unidos libere para o Afeganistão US$ 7 bilhões (R$ 35,7 bilhões) que foram congelados quando o Talibã voltou ao poder no país da Ásia Central, há um ano. O bloqueio desse montante, que, somado a outras sanções, chega a equivaler a um terço do PIB afegão de 2020, significou a paralisação da economia país e gerou uma das maiores contrações econômicas da História.

“Estamos profundamente preocupados com agrave catástrofe econômica e humanitária desencadeada no Afeganistão e, em particular, como papel que apolítica dos EUA desempenhou nela”, alertaram 71 economistas e especialistas em desenvolvimento em um acarta endereçada aopre si denteJoeBideneà secretária do Tesouro, Janet Yellen.

“Sem acesso às suas reservas estrangeiras, o Banco Central do Afeganistão não pode desempenhar suas funções normais e essenciais”, escreveram. “Sem um Banco Central em funcionamento, a economia do Afeganistão, sem surpresa, entrou em colapso.”

Os signatários da carta incluem o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Yanis Varoufakis, que foi o ministro das Finanças da Grécia quando o país negociou com seus credores após o colapso econômico de 2008. Também assinam os especialistas em desenvolvimento Richard Jolly, da Universidade de Sussex, no Reino Unido, e Jayati Ghosh, da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Délhi.

VÍTIMAS DO 11 DE SETEMBRO

Na carta, eles argumentam que os EUA não podem justificar a continuidade do bloqueio das reservas que ficaram congeladas em bancos dos EUA quando o governo anterior de Cabul, apoiado por Washington, foi derrubado pelo Talibã em agosto de 2021. O governo americano alega que o dinheiro foi reservado para indenizar vítimas dos atentados do 11 de Setembro de 2001, cometidos pela alQaeda de Osama bin Laden, que o governo do Talibã da época foi acusado de abrigar.

“Setenta por cento das famílias afegãs não podem atender às suas necessidades básicas, e três milhões de crianças correm o risco de desnutrição”, denunciaram os economistas. Eles lembraram que a situação se agrava com os US$ 2 bilhões bloqueados por Reino Unido, Alemanha e Emirados Árabes Unidos. “Essas reservas eram cruciais para o funcionamento da economia afegã, em particular para gerir a oferta monetária, estabilizar a moeda e pagar as importações das quais o país depende”, disseram.

Os economistas concluem dizendo que “os US$ 7 bilhões pertencem inteiramente aos afegãos” e que “devolver menos do que o valor total prejudicaria a recuperação de uma economia devastada”.

MUNDO

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2022-08-12T07:00:00.0000000Z

2022-08-12T07:00:00.0000000Z

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