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Secretário de Justiça de Biden diz que aprovou pessoalmente buscas na residência de Trump

WASHINGTON

Três dias após a operação de busca na casa do ex-presidente Donald Trump na Flórida, o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, rompeu o silêncio ontem e disse que aprovou pessoalmente a varredura do FBI. Ele anunciou ter pedido a quebrado sigilo dom andado judicial referenteà batida policial e afirmou que aleio impe dede divulgar detalhes da investigação quele vouà ação—que motivou críticas da oposição republicana de que o governo do presidente Joe Biden estaria aparelhando o Judiciário.

— Aprovei pessoalmente a decisão por um mandado de busca —confirmou o secretário, ressaltando que o mandado foi autorizado pela Justiça. —O Departamento não toma tais decisões levianamente.

Segundo a imprensa americana, a operação fez parte de uma investigação que apura se Trump teria pego documentos sigilosos ao deixara Casa Branca, em vez de entregá-losa o Arquivo Nacional, como prevê alei. De acordo como jornal Washington Post, documentos sigilosos sobre armas nucleares estariam entre os itens buscados. O silêncio do secretário, que evita os holofotes, deixava a gestão de Biden sob pressão para explicara varredura na residência de Mar-ALago: nunca antes ume x-ocupante da Casa Branca havia sido alvo de uma ação do tipo.

Os republicanos alegam que o ex-presidente colaborava coma Justiça eque a ação foi injustificável às vésperas das eleições legislativas de novembro e emmeio a indicações de que Trump concorrerá novamente à Presidência em 2024. A retórica foi mantida pelo expresidente em suas declarações após a falade Garland.

Em uma postagem na rede social Truth Social, Trump disse que seus advogados tinham uma relação “muito boa” com os investigadores federai seque eles“poderiam ter o que quisessem”.

Mas Garland disse que antes de uma operação do tipo sempre se buscam formas “menos intrusivas” de obter informações em uma investigação, dando a entender que outras opções não deram resultado. Ontem mais cedo, a imprensa dos EUA informou que o expresidente teria sido intimado em junho a entregar a papelada ao Arquivo Nacional.

Junto com a quebra do sigilo do mandado, Garland também pediu que a lista dos itens recolhidos na casa de Trump venha a público — os pedidos foram apresentados a um tribunal federal da Flórida quase em paralelo à sua fala. O juiz Bruce Reinhart, titular do tribunal, solicitou que o Departamento de Justiça apresente uma cópia de sua moção aos advogados de Trump até as 15h (16h no Brasil) de hoje. Então, deve haver tempo hábil para que a defesa do ex-presidente decida se quer recorrer.

INTERESSE PÚBLICO

Não está claro qual será o posicionamento de Trump, que anunciou na segunda-feira que sua “linda casa” havia sido “invadida e ocupada por um grande grupo de agentes do FBI”. O republicano, porém, tem em suas mãos uma cópia do mandado e da listados itens que foram levados e escolheu não divulgá-los ao público.

G ar landa firmou que decidiu comentara operação agora porque o ex-presidente já a havia tornado pública, citando também as “circunstâncias ao redor” do caso e o “substantivo interesse público” no assunto. O governo Biden afirmou que não teve informações antecipadas sobre a operação.

—A adesão fiel ao estado de Direito é um pilar do Departamento de Justiça e da nossa democracia —disse o secretário — Os homens e mulheres do FBI e do Departamento de Justiça são dedicados, patriotas e servidores públicos.

Nos últimos dias, vários republicanos, incluindo o ex-vice-presidente Mike Pence, pediram mais esclarecimentos e criticar o Departamento de Justiça. As vagas declarações de ontem não os acalmou:

“Oqueb us coéo motivo paraabusca. Será que a informação fornecida ao juiz foi suficiente e necessária para autorizara batida nacas adoexp residente a 90 dias das eleições legislativas ?”, indagou o senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, em comunicado. “Peço —insisto, na verdade —, que o Departamento de Justiça e o FBI esclareçam porque esse curso de ação foi necessário. Até que isso seja feito, as suspeitas vão continuaras e acumular .”

Para endossara versão republicana de queTrump colaborou comas investigações, a própria imprensa conservadora divulgou na terça a notícia sobre a intimação de junho. Após aintimação,Trump chegoua recebe ruma inspeção do Departamento de Justiça em Mar-A-Lago. Não se sabe ao certo o que a intimação de junho buscava, mas foi simultânea a entrevistas com pessoas que trabalhavam no governo Trump para entender melhor como o presidente lidava com documentos sigilosos.

Sob ameaça de ação judicial, o republicano já havia devolvido à Justiça em janeiro 15 caixas com documentos. As autoridades suspeitassem que itens haviam ficado para trás, mas Garland não esclareceu quando ou como chegaram a essa conclusão.

Desde a operação de segunda, vieramàton adi versos relatos de que T rum per apouco cauteloso com os registros. O presidente rasgava papéis importantes para indicar que um debate havia chegado ao fim. Em alguns casos, jogava os registros no vaso sanitário — funcionários relatavam que a equipe tinha a preocupação de pegar os pedaços, secá-los e colá-los novamente para garantir que nenhuma lei seria violada.

Todos os documentos oficiais de um presidente, triviais ou não, são considerados de propriedade pública, segundo a Leide Registros Presidenciais de 1978. Quando o presidente deixa o cargo, esses papéis vã opara o Arquivo Nacional e, mais tarde, são encaminhados para abiblioteca presidencial. É tradição nos EUA que cada ex-mandatário ganhe um prédio próprio para guardar seu legado.

O imbróglio vem em uma semana atribulada para o expresidente. Na quarta, Trump prestou dep oim entoà Procuradoriade NovaYork, que conduz uma investigação civil sobre suspeitas de evasão fiscal em seus negócios empresariais. Trump, contudo, invocou mais de 400 vezes a Quinta Emenda da Constituição americana, que diz respeito ao direito de não se incriminar, para não responder às perguntas.

“O Departamento não toma tais decisões levianamente”

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Merrick Garland, secretário de Justiça americano

“Até o esclarecimento, as suspeitas continuarão”

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Lindsey Graham, senador republicano

MUNDO

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2022-08-12T07:00:00.0000000Z

2022-08-12T07:00:00.0000000Z

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