Infoglobo

DIA HISTÓRICO DE UNIÃO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Leitura de manifestos com eventos em várias cidades dá recado claro: Brasil não tolerará rumo autoritário

Éprovável que o dia 11 de agosto de 2022 passe doravante a figurar entre os mais relevantes na trajetória democrática do Brasil. Foram lidas duas cartas em defesa da democracia em ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), mesmo local onde o jurista Goffredo da Silva Telles Jr. leu, em agosto de 1977, sua Carta aos Brasileiros, marco no início da derrocada da ditadura militar. Outras cidades também foram palco de eventos semelhantes.

Com o pátio das arcadas do Largo São Francisco lotado, os presentes ouviram o conteúdo da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, lançada pela USP e inspirada na de 1977. Antes foi lido o manifesto Em Defesa da Democracia e da Justiça, encabeçado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e assinado por entidades representativas dos setores produtivos e da sociedade civil. Ambos já eram públicos.

Os dois textos apoiam de forma enfática a democracia e o sistema eleitoral brasileiro. Condenam os ataques mentirosos e reiterados contra as urnas eletrônicas.

O evento encheu de manifestantes a praça em frente ao prédio da São Francisco e comprovou o que já demonstravam quase 1 milhão de assinaturas em apoio à Carta da USP e as mais de cem entidades que ratificaram a iniciativa da Fiesp.

Reuniu cidadãos de diferentes classes sociais, representantes de movimentos da sociedade civil, estudantes, profissionais liberais, acadêmicos, ex-ministros de distintas administrações, líderes sindicais, empresários, artistas e celebridades.

Havia assalariados e milionários; integrantes da comunidade LGBTQIA+ e héteros; negros e brancos; gente de esquerda, de centro ou direita; quem defende a abertura comercial e fãs do protecionismo; quem empunha a bandeira das privatizações e crentes no estatismo; quem é a favor da descriminalização das drogas e quem é contra; feministas e opositores do aborto; quem só cursou o ensino fundamental e doutores diplomados pelas melhores universidades; quem gosta de funk, sertanejo, samba, pagode, rock, jazz ou música erudita; quem tem plano de saúde privado e pacientes do SUS, brasileiros nascidos no Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

O que une a todos? A convicção de que os brasileiros não permitirão que o país siga o caminho do autoritarismo. O roteiro do golpe na “versão século XXI” não conta obrigatoriamente com tanques nas ruas. Costuma começar com um populista eleito de modo democrático para, logo em seguida, dar início à lenta corrosão das instituições formais da democracia.

A História recente mostra que a estratégia é usada por líderes de extrema direita e de extrema esquerda, sem distinção. O jogo só é válido se eles ganham sempre. É contra esse pensamento que vastos segmentos da sociedade brasileira esqueceram suas muitas diferenças e se uniram em favor das urnas eletrônicas e da Justiça. O recado está dado: o Brasil não será uma Venezuela nem uma Hungria. Aqui prevalecerá o Estado Democrático de Direito.

PRIMEIRA PÁGINA

pt-br

2022-08-12T07:00:00.0000000Z

2022-08-12T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/281552294637524

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.