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Os responsáveis por descobrir disco de Gil

Acervo virtual do artista baiano demorou quatro anos para ser reunido por equipe coordenada pela jornalista Chris Fuscaldo

RAFAEL LOPES rafael.lopes.rpa@edglobo.com.br

Aobra do compositor e cantor Gilberto Gil está na prateleira do alto da Música Popular Brasileira. O agora imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), que completa 80 anos hoje, ganhou recentemente uma exposição virtual no Google Arts & Culture, chamada “O ritmo de Gil”. Lá está devidamente catalogada parte do extenso arquivo pessoal de um dos expoentes da Tropicália, com fotos, vídeos e áudios.

Mas o que ficou no holofote após essa divulgação foi a redescoberta do disco gravado em 1982, em Manhattan (EUA), que ficou apenas numa versão de fita cassete. As nove músicas do projeto não agradaram a Gil, que sentiu falta de uma sonoridade brasileira. E, desde então, o disco sem título caiu no esquecimento.

MATERIAL ESTAVA EM K7

Essa história só ganhou novo rumo quando, em 2018, a jornalista e pesquisadora niteroiense Chris Fuscaldo foi convidada pela Google para ficar à frente do projeto do seu museu virtual. Responsável por coordenar uma equipe de aproximadamente 20 pessoas, ela não demorou a convocar outro pesquisador musical da cidade, Ricardo Schott. Foram quatro anos trabalhando em sigilo, entre visitas ao acervo do músico baiano, na Gege Produções, e reuniões virtuais com o próprio Gil. De acordo com Schott, a história havia sido contada num texto do encarte do relançamento em CD do disco “Um Banda Um”, em 1982. E como ele havia separado todo o material sobre o compositor para consulta, já estava com a história na mão. —Quando comecei a escutar os áudios, eu ficava me lembrando do que havia lido sobre o disco em inglês de 1982 e tinha a expectativa de que talvez, quem sabe,

ele estivesse por ali. Eu não fiquei escutando áudio por áudio procurando, só era algo que eu imaginava que pudesse encontrar. Foi uma surpresa de qualquer jeito. Gil só havia recebido um K7 na época do disco e não tínhamos certeza de que ele ainda tivesse esse material guardado —revela. Além dessa joia rara, o museu conta com mais de 41 mil imagens distribuídas em 140 seções, além de 900 vídeos e gravações históricas digitalizados. Agora, Chris espera que

esse trabalho possa inspirar outros artistas brasileiros. —Esse museu é de uma importância enorme. É um exemplo para outros artistas. A família do Gil sempre teve essa preocupação de catalogar o trabalho dele. Isso torna a memória da música brasileira mais fortalecida—elogia Chris. A jornalista ainda destaca que trabalhar numa equipe composta, em parte, por amigos da cidade foi um prazer adicional, pois facilitou todo o ambiente de trocas. Nas pesquisas contou

também com a ajuda da jornalista de Niterói Laura Zandonadi.

—Essa é uma cidade celeiro de músicos e artistas, então não foi difícil pescar aqui uma parte da equipe. E o próprio Gil possui uma estreita relação com Niterói. Ele teve na sua banda por mais de 30 anos o guitarrista e diretor musical niteroiense Sérgio Chiavazzoli e o baixista e ex-secretário de Cultura Arthur Maia. Isso sem contar outras figuras da cidade que passaram na vida do Gil —destaca.

Niterói

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2022-06-26T07:00:00.0000000Z

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