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FRUTO DO AMOR

CHEF PÂTISSIER CÉDRIC GROLET COMPLETA UMA DÉCADA NO HOTEL LE MEURICE CRIANDO DOCES ESCULTURAS QUE ENGANAM OS OLHOS

Por JOANA DALE, DE PARIS

Na mesinha de centro de uma das suítes mais concorridas do Le Meurice, uma maçã dá as boas-vindas ao hóspede, como uma simpática cortesia do cinco-estrelas da Rue de Rivoli, em Paris. À primeira mordida, descobre-se que a fruta, na verdade, é uma das doces criações do chef pâtissier Cédric Grolet. “O fantástico das frutas é que cada uma tem uma textura e sabor diferentes, o que as tornam interessantes para se trabalhar. São um presente maravilhoso da natureza”, contou o badalado chef, no seu livro “Fruits”.

As esculturas que representam frutas variam de acordo com a estação do ano. Assim como as sobremesas servidas no restaurante do hotel, o Le Dalí, projetado por Philippe Starck e com menu de Alain Ducasse, que funciona a qualquer hora. Um dos programas mais concorridos, em que hóspedes e não hóspedes podem provar a dobradinha estrelada, é o brunch aos domingos. No verão europeu, a vez é do maracujá. Não à toa, as “frutas” de Cédric já são tão concorridas quanto o chocolate quente da Angelina.

Ele fica em plena muvuca da Rua Dias Ferreira, no Leblon, e não foge à regra: no novo Clan BBQ tem fila na porta, agito na calçada, salão disputado, um entra e sai (que até distrai) e o clima “alegria, alegria” chega a ser restaurador. A cozinha? Acima de tudo e de todas pela frente, se anime, porque vale experimentar. Todos vacinados, certo? A casa abriu há três meses, quando me encontrava a um oceano de distância daqui. Bateu a curiosidade de conferir essa nova versão do antigo Zuka, que saiu de cena na pandemia e não voltou mais. Foi ali, há alguns anos, onde Felipe Bronze fez a sua grande estreia. E em noite de atropelos: o exaustor, no lugar de mandar a fumaça para o espaço, jogou para dentro do salão. O fumacê era tanto, que Bronze foi de mesa em mesa, de colírio em punho, aliviar o sufoco dos convidados. Eu era um deles, não me esqueço. Ludmilla Soeiro, que assumiu depois e, por anos, manteve o Zuka na roda. Mas e agora?

Visualmente, pouco mudou: alguns retoques no salão, o mesmo balcão (é bem quente sentar ali) e grelha e exaustor seguem em cena. Um dos donos me disse que o sistema de exaustão “está tinindo”. Bom saber. A fachada é aberta, trouxe a rua para o salão. Quem quiser algo mais tranquilo, o salão ao fundo é bem mais calminho. Foi onde almoçamos.

O Clan não se define como um restaurante de carnes, já que pela grelha passa um pouco de tudo: frutas, verduras, legumes... Ok, mas os sócios são donos da BBshop, loja de carnes de cortes especiais. Como não ser? É uma casa de carnes grelhadas. E boa.

A fraldinha é macia, saborosa, no ponto que eu esperava (R$ 129). O bife de ancho, idem (R$ 120). Servem entradas como linguiça com molho de uva (R$ 36), asinhas de frango no melaço picante (R$ 34) e os croquetes de rabada com língua defumada, com molhos de aiöli de agrião e outro picante (R$ 42) E o serviço, apesar do espaço reduzido, flui bem

Os vinhos são poucos e acompanham o cardápio. Só não procure por rótulos com cifras de dois dígitos, porque eles saíram de cena. É brindar com três, antes que virem quatro. De drinques, o Bloody Mary, feito com xarope de wasabi e servido com um 'jardim' na borda, que inclui a tirinha crocante de bacon (R$ 42).

No comando das chapas, Pepo Figueiredo e o Newton Rique, jovens e novos no Rio, ambos com passagens em restaurantes renomados internacionais, o que pode não significar nada ou, ao contrário, fazer uma baita diferença. Pepo e Rique fizeram bom proveito dessas passagens estelares: dominam o fogo como poucos. E fazem fumaça de valor. Sem colírio.

Rua Dias Ferreira 233, Leblon -99673-7973. Ter, das 18h à meia-noite; qua a dom, de meio-dia à meia-noite.

Giro

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2022-06-26T07:00:00.0000000Z

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