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‘EMBAIXADOR’ DO CINEMA FRANCÊS EM MISSÃO NO BRASIL

COM MAIS DE 70 PAPÉIS NO CURRÍCULO, INCLUINDO OBELIX EM LONGA INÉDITO, ATOR GILLES LELLOUCHE ESTÁ NO PAÍS PARA PROMOVER TRÊS FILMES COM MENSAGENS POLÍTICAS EM FESTIVAL

LUCAS SALGADO lucas.salgado@oglobo.com.br

Com oito indicações ao César, principal premiação do cinema francês, Gilles Lellouche, de 49 anos, é um dos mais prolíficos atores franceses da atualidade. Em 27 anos de carreira, tem mais de 70 créditos por atuação no cinema ena televisão—entre eles o papel de Obelix na nova adaptação para a telona das aventuras dos indomáveis gauleses, prevista para estrear em 2023—, sem falar em investidas como diretor, como na comédia “Um banho de vida” (2018). E não parou de trabalhar nem mesmo por causa da Covid-19. No Brasil como parte da delegação de convidados do 13º Festival Varilux de Cinema Francês — que acontece de forma simultânea em diversas cidades, até 6 de julho —, Lellouche tem três filmes exibidos no evento: “Golias”, “Kompromat” e “O destino de Haffmann”, todos rodados no primeiro ano da pandemia. —Foi uma época muito difícil de trabalhar. “O destino d eH affman” chegou at eras filmagens interrompidas por dois meses. Decidimos levar “Kompromat” à Lituânia, que ainda não havia adotado o confinamento, mas, quando chegamos lá, a situação piorou e o país teve que fechar. Senti como se a pandemia estivesse me seguindo — conta Lellouche, em conversa num hotel na Praia de Copacabana, no Rio, na quinta-feira.

Feliz coma possibilidade d elançar três filmes no Brasil, o ator lembra que suar elaçãocomo país nãoé nova. Ele esteve no Rio há cerca de 20 anos, quando passou pela cidade em busca de inspiração para escrever seu primeiro longa como diretor e roteirista (“Problemas de um dorminhoco”, 2004). Em 2009, foi a vez de visitar São Paulo para participar da mostra Panorama do Cinema Francês. Além de terem sido filmados na pandemia, os longas têm em comum atemática política. “Golias”, de Frédéric Tellier, conta a história de um advogado ambientalista que assume uma causa contra o lobby por agrotóxicos na França; “Kompromat”, de Jérôme Salle, relata a fuga de um diretor da Aliança Francesa perseguido pela KGB na Sibéria; e “O destino de Haffmann”, de Fred Cavayé, se passa na Paris ocupada por nazistas, em 1941. Para o ator, o cinema europeu tem assumido a responsabilidade de tratar de temas mais sérios diante da natureza escapista de Hollywood.

— O cinema serve para despertar consciências. Hoje, os filmes de ficção americanos são grandes espetáculos, como os da Marvel, um cinema enlatado, industrializado, muito diferente do que víamos em Hollywood nos anos 1970 — diz Lellouche. — Penso que na Europa, e especialmente na França, há uma responsabilidade como cinema, abusca por um cine mamais social, mais fincadona realidade, que serve de contraponto ao cinema americano. Contra a ficção americana, a Europa investiu na realidade. Lellouche reforça a importância do cinema para ressoar as manifestações populares e o sentimento político de uma época, mas se mostra decepcionado com o atual momento na Europa e no mundo.

— Eu me considero um otimista nato, mas pela primeira vez estou muito pessimista. É horrível o que acontece na Europa, coma guerra na Ucrânia e a ascensão da extrema direita na França — lamenta. — As pessoas estão ficando cada vez mais extremistas, especialmente os jovens. Temos visto muita violência e agressividade nas redes sociais enas ruas. É bizarro. Pensei que após o confinamento as pessoas iriam ficar mais gentis, mas o que aconteceu foi o contrário.

PROJETO COM JOHNNY DEPP

Nomo mento,Lellouche começa apensarem seu próximo projeto como diretor, que adianta ser uma “comédia romântica musical ultraviolenta”. Também tem vários projetos como ator, com destaque para “Jeanne du Barry”, de Maïwenn, que terá Johnny Depp e Louis Garrel no elenco.

O ator assumiu ainda a responsabilidade de interpretar o gorducho Obelix em “Astérix & Obélix: L’empire du milieu”, de Guillaume Canet:

— Tive um pouco de medo de assumir esse papel pela responsabilidade de pegar um personagem que foi vivido durante anos por Gérard Depardieu. Foi minha filha quem e obrigou afazer. Precisei ganhar 20 quilose foi algo muito diferente. Me senti como uma criança novamente.

Segundo Caderno

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2022-06-26T07:00:00.0000000Z

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