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Casal de idosos é assassinado no Jardim Botânico

Oficial da Marinha, genro das vítimas mortas a facada dentro de apartamento, foi preso em flagrante pelo crime

ANA CLARA VELOSO, CAROLINA CALLEGARI, DIEGO AMORIM, LÍVIA NEDER E PAOLLA SERRA granderio@oglobo.com.br

Geraldo Pereira Coelho, de 73 anos, e Oselia da Silva Coelho, de 72, saíram dia 17 de Fortaleza, onde moram, para passar uma curta temporada no Rio com o filho, o professor de inglês e influenciador digital Felipe da Silva Coelho, de 39. Na madrugada de ontem, a viagem tão esperada pelo casal terminou em tragédia. Os dois foram encontrados mortos a facadas no apartamento no Jardim Botânico, na Zona Sul da cidade, que era dividido por Felipe e seu namorado, o oficial da Marinha Cristiano da Silva Lacerda, de 49, preso pelo crime. Policiais militares do 2º BPM (Botafogo) foram acionados pouco antes de 1h para uma ocorrência num prédio na Rua Pio Correia. No local, encontraram Felipe no playground do condomínio dizendo repetidamente: “Quero me matar, meus pais estão mortos, tem mais gente em casa”. No apartamento, além dos dois corpos sobre um sofá-cama, encontraram Cristiano dentro do baú da cama de Felipe com uma faca suja de sangue.

O crime teria sido cometido por ciúmes. Em entrevista ao GLOBO, enquanto liberava o corpo dos pais no Instituto Médico-Legal (IML), Felipe afirmou que o relacionamento de dois anos entre ele e Cristiano, que é capitão de fragata, terminou por conta do comportamento violento do militar. O professor de inglês lembrou que os dois se conheceram no começo da pandemia. Ele era de Fortaleza e decidiu se mudar para ficar com o oficial da Marinha no Rio. Desde o início, moraram no apartamento do Jardim Botânico. No entanto, no carnaval, em abril, Felipe disse que decidiu dar um fim ao relacionamento porque Cristiano teria dado um tapa em seu rosto e um soco em seu peito. Apesar disso, continuavam a viver juntos. Na noite da última sextafeira, Felipe disse que deixou os pais com Cristiano em casa para ir a um evento em Ipanema, também na Zona Sul. Os idosos estavam hospedados com os dois e voltariam para Fortaleza na terça-feira. Segundo ele, em determinado momento, Cristiano lhe mandou uma primeira mensagem:

— Ele falou que minha mãe não estava bem e que era para eu voltar. Na mesma hora, eu pedi um Uber. Ele seguiu mandando outras mensagens, perguntando se eu voltaria ou ficaria com meus amigos. E também me ofendeu. Felipe diz que, quando chegou em casa, já encontrou os pais mortos no sofácama onde vinham dormindo durante a hospedagem. Ao ver os corpos, disse que pediu ajuda aos vizinhos, que foram prestar socorro, mas nada pôde ser feito. Segundo ele, a administradora do condomínio disse que não ouviu qualquer barulho de briga ou discussão. O professor acredita que os pais estavam dormindo na hora em que foram esfaqueados.

— Eu só espero que ele pague por tudo que fez. Estou sofrendo demais com isso —disse o professor.

Ao ser preso em flagrante ainda de madrugada, o capitão de fragata estava desacordado e, segundo policiais militares, aparentava estar com elevado grau de embriaguez — ele tinha uma garrafa de bebida alcoólica ao seu lado. No imóvel, também foram encontradas diversas caixas de medicamento controlado. Ontem à tarde, ele continuava internado sob custódia no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, para onde foi levado. O quadro dele era estável.

FILHO PRESTA DEPOIMENTO

Já o filho do casal foi levado para prestar depoimento na sede da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Barra da Tijuca, que investiga o caso. À tarde, nas redes sociais, Felipe publicou uma foto em que ele aparece com os pais. E escreveu: “Para sempre nos braços do Pai. Meus amores eternos. Nada vai apagar esse amor. Te amo, pai. Te amo, mãe”. A saudade dos pais era tema recorrente em postagens de Felipe. No Dia das Mães, em 2020, ele escreveu sobre a impossibilidade de encontrá-la devido à pandemia: “Ela já se preocupou tanto comigo, e agora eu me preocupo com ela. Tudo que eu quero é que tudo isso passe logo pra eu poder te dar um abraço bem apertado e ver de perto esse sorriso que tanto me fortalece. Te amo, mãe”. Em março do ano passado, comemorou a vacinação do casal contra a Covid-19. “Ah, que emoção. Minha mãezinha vacinada e amanhã, meu pai!”. Em janeiro deste ano, ele homenageou sua mãe pelo aniversário: “Ela é a maior incentivadora dos meus sonhos e meu porto seguro sempre. Te amo demais, mãe. Estou longe, mas já já nos encontramos pra gente comemorar!”.

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2022-06-26T07:00:00.0000000Z

2022-06-26T07:00:00.0000000Z

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