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Educação se torna ‘pedra no sapato’ do presidente

Crises na pasta viram rotina, e MEC gera ônus na campanha eleitoral; em outros governos, escândalos tinham focos diferentes

PAULA FERREIRA paula.ferreira@infoglobo.com.br

Com sucessivas trocas de ministro e motor de crises no governo, o Ministério da Educação (MEC) se converteu em uma pedra no sapato do presidente Jair Bolsonaro. Os rumos erráticos da pasta ou a postura dos ministros que comandaram o órgão geraram frequentes desgastes para Bolsonaro tanto perante a opinião pública como também no seu relacionamento com os demais Poderes. Os escândalos que permeiam a pasta, que tem um dos maiores orçamentos, podem gerar ônus eleitoral ao presidente neste ano. Outros governos tinham como focos de escândalos áreas como Saúde e Transportes. Obras de ferrovias e rodovias, por exemplo, foram alvo de investigações de desvios bilionários e chegaram a resultar em queda de ministros. Sob Bolsonaro, o epicentro das crises passou a sera Educação. A prisão do ex-ministro Milton Ribeiro por suspeitas de envolvimento num esquema de corrupção abalou um dos pilares do discurso eleitoral de Bolsonaro, de que não havia casos de desvios de recursos em sua gestão envolvendo membros do primeiro escalão. Mais ainda: colocou o presidente diretamente na miradas investigações, depois que Ribeiro narrou, em um telefonema interceptado pela PF, que Bolsonaro havia lhe dito que tinha um “pressentimento” de que seu ex-ministro poderia ser alvo de busca e apreensão. — Essa prisão no contexto de um escândalo de corrupção afeta a campanha de Bolsonaro, porque este é um discurso forte dele. Ele frisa ques eu estar enfrentando problemas na área econômica, mas não tinha corrupção. Isso fragiliza um dos pontos fortes da argumentação— analisa o cientista político da Unirio, Felipe Borba.

Por suspeita de que Bol sonar o tivesse informação privilegiada e tenha vazado isso a Ribeiro para estimulara destruição de provas, a investigação foi enviada para o Supremo

Tribunal Federal, para que seja feita análise se há elementos para investigar o presidente. O caso foi considerado um “desastre” para a campanha pela reeleição do presidente. A investigação no MEC apura indícios de que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura pediam propina para prefeitos em troca de facilitar o acesso a recursos do FNDE.

Outras denúncias de irregularidades também surgiram envolvendo a aplicação de recursosdo órgão e falha sem políticas públicas. E Ribeiro não foi o único atira roso node Bolso naro.U madas figuras mais polêmicas a comandara pasta, Abraham Weintraub acirrou a relação de Bolsonaro com o STF. O ex-ministro gerou a primeira grande onda de protestos contra o governo, chamada de Tsunami da Educação. Milhares de pessoas foram às ruas contra cortes no orçamento das universidades. O contingenciamento ocorreu após declarações do então ministro de que promoveria cortes em instituições que promovessem eventos com “balbúrdia”. Primeiro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, também deu trabalho. A gestão do colombiano gerou um racha entre as principais bases de sustentação do governo: militares e olavistas. Com passagem relâmpago pelo MEC, em junho de 2020, o economista Carlos Alberto Decotelli provocou desgaste após apresentar inconsistências no currículo.

Para especialistas, embora a economia continue sendo o tema central da campanha, a crise no MEC fragiliza um dos pilares do bolsonarismo.

Política

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2022-06-26T07:00:00.0000000Z

2022-06-26T07:00:00.0000000Z

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